Disputadas duas rodadas a terceira tem início hoje a Copa do Mundo na África do Sul revela um excelente desempenho das seleções da América do Sul. Os representantes da região têm, de longe, o melhor aproveitamento do torneio (87% dos pontos) e estão muito próximos das oitavas de final.
Dos cinco, o Brasil é o primeiro classificado, entra em campo para a última partida, contra Portugal, somente para saber se será o primeiro ou o segundo colocado de seu grupo. Chile e Paraguai lideram as suas chaves e estão com um pé na sequência da disputa. O Uruguai enfrenta o México, hoje, às 11 horas (de Brasília), num confronto em que o empate classifica os dois (leia na página 4). Já a Argentina, virtualmente classificada, define seu futuro no grupo B contra a Grécia, às 15h30 (leia na página 6).
"A explicação pode ser pelo fato de que as Eliminatórias da América do Sul (Conmebol) são mais competitivas que na Europa. O Equador poderia estar no Mundial hoje se enfrentasse as Ilhas Faroe. Nós, os sul-americanos, estamos fazendo a Copa que todos querem ver", declarou Diego Maradona, técnico da seleção argentina e o centro das atenções do torneio.
Superioridade que não fica restrita à frieza dos números. Analisando as partidas, os sul-americanos merecem destaque semelhante. "Argentina e Brasil fizeram dois bons jogos, contra Coreia do Sul e Costa do Marfim. Observamos uma luta maior desses times, mais garra para fazer frente ao futebol europeu, que virou sinônimo do esporte atualmente", afirma Carneiro Neto, colunista da Gazeta do Povo.
"Como pode isso?", já questiona a imprensa internacional, a exemplo do site espanhol Marca, lembrando a disparidade financeira das competições na Europa em comparação à exportadora de mão de obra América do Sul.
Até agora, os sul-americanos disputaram dez jogos, com oito vitórias, dois empates e nenhuma derrota. Já os europeus fizeram 26 partidas venceram nove, tiveram oito igualdades e perderam outras nove vezes. Há cinco edições, desde a Itália-1990, um Mundial não vê todos os participantes sul-americanos se classificando juntos para a fase de mata-mata.
Performance contrastante têm os "donos da casa". Os seis países da África têm aproveitamento de apenas 19% dos pontos. Nem mesmo o país sede, a África do Sul, escapou do fracasso. Para seguir em frente, os Bafana Bafana têm missão quase impossível: necessitam bater a França e ainda descontar o saldo negativo de gols (-3) sobre um perdedor (se houver) de Uruguai e México.
Argélia, Nigéria e Costa do Marfim também estão muito perto de voltar para casa e Camarões foi a primeira equipe a marcar o voo de retorno. Só a seleção de Gana pode permanecer viva. Porém não tem tarefa fácil, vai ter de segurar um empate diante da Alemanha.
Tostão endossa o fracasso: "O lugar comum, de que os jogadores africanos são habilidosos e criativos, porém indisciplinados taticamente, não existe há muito tempo. Pelo contrário, hoje, as seleções africanas são disciplinadas, fortes, bastante defensivas, mas pouco talentosas", diz em sua coluna de hoje.
Entre as duas pontas, estão os europeus, com 48,7% de aproveitamento marca baixa para um continente dono de 9 títulos mundiais. Puxam para baixo os números da região o desempenho pífio até agora dos gigantes França, Inglaterra e Itália, contando ainda com a Alemanha, que estreou bem, vencendo a Austrália (4 a 0), mas decepcionou em seguida ao ser derrotada pela Sérvia (1 a 0)
Dos 13 países europeus, só a Holanda triunfou em seus dois compromissos, ante Dinamarca e Japão. A Espanha, considerada uma das favoritas para levantar o caneco, perdeu para a inexpressiva Suíça e, na oportunidade de recuperação, venceu a fraquíssima Honduras por apenas 2 a 0, ontem.
"Primeiro, tem muito europeu na Copa. Com o aumento do número de países na Europa (dissolução da União Soviética, Tchecoslováquia e Iugoslávia), eles passaram a ter muita quantidade e menos qualidade. O talento está mais espalhado. Então você passa a ter times médios e fracos disputando a Copa. E, por outro lado, os grandes não conseguem se renovar", opina Leonardo Mendes Júnior, editor-chefe da revista da ESPN e colunista da Gazeta do Povo.
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