A 45 dias do início da Copa do Mundo, a África do Sul contabilza novos números sobre o quanto o país investiu para receber o evento. E a lição aos cofres brasileiros é valiosa: os africanos dobraram os gastos diante da primeira previsão para a construção dos cinco estádios levantados especialmente para o Mundial.
Um estudo do site brasileiro Portal 2014 (copa2014.org.br) mantido pelo Sindicato Nacional da Arquitetura e da Engenharia (Sinaenco) e pela editora Mandarin mostra que o orçamento inicial previsto pelo governo sul-africano, cerca de R$ 2,15 bilhões, disparou para R$ 4,15 bilhões. Os valores foram oficialmente divulgados pela províncias que serão sedes da Copa.
De acordo com o comando do comitê da competição na África, grande parte desse montante foi aplicado no levantamento das cinco arenas que não existiam antes de o evento ser indicado para o país.
Fatores como desastres naturais e a desvalorização da moeda local, o Rand (sete vezes menos valorizada que o dólar), foram os principais fatores do estouro. Vale observar que das cidades-sedes brasileiras, quatro irão erguer estádios (Manaus, Natal, Recife e Salvador) e outras quatro passarão por grandes reformas estruturais (Belo Horizonte, Brasília, Cuiabá e Porto Alegre).
Conforme levantamento do site, em 2006, na Alemanha, os gastos previstos eram de cerca R$ 2,215 bilhões para os 12 estádios. No fim, as obras subiram 50%, chegando a R$ 3,32 bi. Aqui no Brasil, pensando em 2014, o governo orçou R$ 5,342 bilhões em investimentos para os 12 estádios. Entre os africanos, o mais oneroso aos cofres públicos foi o Green Point, na Cidade do Cabo, que acabou custando quase quatro vezes mais do que o previsto, num total de R$ 1,15 bilhão.
Uma das razões para o aumento exorbitante foi a constante reclamação de moradores do bairro de Green Point sobre impactos ambientais da construção. O investimento em materiais para diminuir o barulho durante jogos e medidas de proteção sísmica elevaram o valor em R$ 250 milhões.
"Isso sem contar as flutuações cambiais do Rand, a inflação em alta e a escassez de materiais. Fomos afetados por um inesperado e extraordinário aumento de preços com a crise mundial", contou o membro do conselho técnico municipal das obras do Mundial, Dave Hugo.
No Brasil, o estádio com maior investimento programado é o Mané Garrincha, em Brasília. E os valores já cresceram. Os R$ 600 milhões programados em 2009 já estão em R$ 740 milhões.
Atualmente, o governo brasileiro diz acreditar que gastará R$ 4,5 bilhões nas 12 arenas das cidades-sedes já quase R$ 1 bilhão a mais do que o previsto em 2009, R$ 3,7 bilhões.
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