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– Para, para que eu quero comprar outra camiseta. Esta aqui me deixa peituda.– Não dá tempo. O jogo vai começar agora, tá todo mundo esperando a gente. E além do mais, não é pra isso que você pôs silicone?

– Esta camiseta é da Copa passada. Eu ainda não tinha operado. Assim pareço gorda, quero uma menos apertada. E além do mais este tom de amarelo não combina com a minha calça.

– Este amarelo não combina com ninguém. E não precisa combinar. Por acaso, é o amarelo da nossa bandeira, guria. Pra combinar com tua calça jeans só se você virar argentina ou grega. Tá linda assim. Não vou parar. Estamos atrasadas.

– Para, senão eu pulo. Eu preciso muito de uma camiseta. Sério. O Mingau vai estar lá. Hoje eu pego ele. Quero arrasar.

– Arrumada para o Mingau? Agora é que eu não paro mesmo. Além do mais, maquiada você ficou com cara de rica. O vendedor vai te cobrar trintão por uma camiseta que ele vende por quinze.

– Cara, como tu é porco! Pessoal, o Mingau tá com uma camiseta toda babada!

– Cala a boca. Esta Copa a gente ganha. Não lavo mais a camiseta. Olha esse furinho de estimação: fiz na final da Copa de 98, de tanto nervoso no terceiro gol da França. O Brasil perdeu porque lavei a camiseta. Este ano não lavo mais.

– Vai lá assistir o jogo da sacada, seu Jabulani, você tá fedendo! As gurias vão chegar daqui a pouco! Pô, Mingau, desse jeito você não arruma mulher mesmo.

Antes território exclusivo de machos, o agora democrático futebol pertence a todos. Homens e mulheres compartilham uma grande paixão pelo universo que Charles Miller injetou no Brasil. As fileiras dos gramados, das coberturas, das arquibancadas e dos comentários foram engrossadas, com muita raça, por encantadoras mulheres. Elas entendem muito de futebol. E às vezes, também entendem bastante de camisetas.

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