Com gol no 2º tempo da prorrogação, o meia espanhol garantiu o título inédito à Espanha.| Foto: Valterci Santos/ Gazeta do Povo – enviado especial

O herói do título espanhol não foi David Villa, o artilheiro da equipe. Tão pouco foi o cérebro da Fúria no Mundial, Xavi. Até poderia ter sido o capitão da seleção, o goleiro Casillas. Quatro minutos antes da decisão da Copa do Mundo da África ir para as penalidades, contudo, Iniesta recebeu um passe de Fábregas e chutou cruzado, sem chances para o goleiro Stekelenburg.

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Até ali, era o número 6 a melhor saída do time de Vicente del Bosque. Com velocidade e movimentação incansável, Iniesta surpreendia a defesa holandesa. Mas em todas as chances que o meia do Barcelona tinha, preferia o toque ao chute a gol. No lance que deu o título mundial à Espanha, não havia outra alternativa.

"Ainda não consigo acreditar que fiz esse gol tão significativo. É incrível. Foi um jogo muito difícil. Houve de tudo. Mas no final merecemos este título. É algo para recordar e desfrutar. Todos devem estar orgulhosos".

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No gol mais importante de sua carreira, no entanto, o jogador aproveitou para homenagear o ex-colega Daniel Jarque, que atuava no Espanyol e faleceu em agosto do ano passado, após sofrer um ataque cardíaco. Na camisa, os dizeres: "Dani Jarque, sempre conosco". Os dois foram adversários nas categorias de base e atuaram juntos nas seleções amadoras da Fúria.

"Ainda não havia podido prestar essa homenagem. E creio que essa foi a oportunidade apropriada", disse o jogador, considerado também o melhor em campo pela Fifa. "Creio que, de alguma forma, ele estava dando forças para nós."

Jarque foi encontrado morto no hotel onde o Espanyol fazia a pré-temporada, na Itália. E o fato mexeu com a seleção espanhola, que se apresentou dois dias depois para um amistoso contra a Macedônia. Naquele jogo, todos os jogadores da seleção vestiram a camisa 21 – de Jarque em seu time –, com o nome do colega. Depois disso, Inesta ainda escreveu uma carta que foi publicada no site do Barcelona, onde dizia se arrepender de deixar de ligar e encontrar mais o amigo.

Mas Jarque não foi o único a receber homenagem póstuma. Ao fim da partida, Sérgio Ramos mostrou uma camisa com os mesmos dizeres utilizados pelo seis da Fúria, mas se referia a Antonio Puerta. O ex-jogador do Sevilha morreu em agosto de 2007 depois de desmaiar em um jogo da liga espanhola, contra o Getafe.

Mas a tristeza da lembrança das perdas logo cedeu espaço à alegria da vitória. E a alegria do próprio futebol espanhol que provou ser possível vencer jogando para frente, atacando antes de defender. Mesmo perdendo a primeira partida da Copa, para a Suíça, o técnico espanhol, Vicen­­te Del Bosque não mudou a ma­­neira de seu time jogar.

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"Esta final prestigiou o futebol ofensivo. É um título que tomou forma em Junho de 2008 (com o título da Euro) e com a continuidade de pessoas que trabalharam nessa seleção. Foi uma boa herança que conservamos. Não apagamos o trabalho do passado, seguimos o rumo", afirmou Del Bosque. Que admitiu ter ficado sem palavras para falar aos seus comandados. "É difícil falar alguma coisa no vestiário, estão todos contentíssimos. A Espanha merece esta conquista, esta Copa do Mundo."