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Policiais do departamento de imigração do Zimbábue trabalham  no aerporto de Harare: imagem do presidente Robert Mu­­gabe, 30 anos  no poder, mostra quem manda | Albari Rosa/ Gazeta do Povo – enviado especial
Policiais do departamento de imigração do Zimbábue trabalham no aerporto de Harare: imagem do presidente Robert Mu­­gabe, 30 anos no poder, mostra quem manda| Foto: Albari Rosa/ Gazeta do Povo – enviado especial

País fracassou no anseio de ser sede pré-Copa

Para o Zimbábue, o amistoso contra o Brasil representa um superprêmio de consolação. Não para a seleção local – que é fraquíssima e reúne-se esporadicamente –, mas para o governo do ditador Robert Mugabe. Primeiro, ele planejou lucrar hospedando os jogadores que viriam para a Copa do Mundo da vizinha África do Sul, mas deu com os burros n’água. Agora, Mugabe finalmente conseguiu uma grande oportunidade de fazer propaganda e obter seu ganho mais importante: o político. O Zimbábue queria ter servido de base para pelo menos três seleções durante o Mundial. Chegou-se a calcular que entrariam US$ 200 milhões no país, dinheiro que seria deixado pelas delegações desses países e seus turistas. Para isso, o governo "recomendou" às principais redes de hotéis instaladas no território a modernização de suas instalações e, no ano passado, chegou a enviar representantes a Brasil, Inglaterra e Portugal para tentar fechar negócio. Não conseguiu. Até a aliada política Coreia do Norte, que iria fazer lá a parte final da preparação (sem custo algum), desistiu.

A seleção do Zimbábue será mera coadjuvante no espetáculo. Em 110º lugar no ranking da Fifa (subiu três posições em relação à lista anterior), cinco posições atrás da Coreia do Norte, o adversário mais fraco que o Brasil enfrentará na Copa, a seleção anfitriã é praticamente amadora.

O ditador do Zimbábue, Robert Mu­­gabe, não poderia encontrar um presente mais adequado para continuar com sua política populista. Levar a seleção brasileira ao país significa quase o mesmo que ganhar a Copa do Mundo na nação vizinha à África do Sul.

Há 30 anos no poder, o líder que dirige seu povo com mão de ferro pagou US$ 1,3 milhão (R$ 2,4 milhões) para receber o Brasil. A quantia, apesar de inimaginável para a miserável população local, nem é questionada pelos que querem ver os pentacampeões.

O Estádio Nacional, com capacidade para 60 mil pessoas, deve lotar. Desde março, quando foi reinaugurado, apenas três jogos fo­­ram realizados. A reforma foi bancada pela China (aliada de Mugabe) e custou aproximadamente US$ 10 milhões (R$ 18,3 milhões).

Às vésperas da Copa do Mundo, as estrelas mundiais que representam o Brasil nem sabem o que irão encontrar pela frente. Alguns, como o atacante Robinho, nem lembravam o nome do adversário do amistoso de hoje, às 15h30 local (10h30 de Brasília).

O jogador do Santos sabe tanto do que vai enfrentar na cidade de Harare (capital do Zimbábue), que só após muito esforço de memória recordou-se de Benjami, avante de 31 anos, que foi seu colega no Man­­chester City, da Inglaterra.

"Ah, o Benjami. É um bom jogador. Centroavante de força, estilo inglês", diz Robinho, destacando a forma de atuar dos zimbabuanos – defesa fechada e jogo aéreo co­­mo prioridade.

Pelo menos alguma coisa de den­­tro de campo foi recordada por ele. Já o volante Felipe Melo quis tentar opinar sobre algo de fora das quatro linhas. "Eu sei que no Zimbábue há muitos assassinatos. Fico feliz de levar a alegria do futebol para essa gente tão sofrida", afirma o atleta da italiana Ju­­ventus.

Os últimos índices criminalísticos do país revelados são de 2004. Segundo a ONU, há 34 homicídios para cada mil habitantes no Zim­­bá­­bue (o Brasil teve 22 por mil no ano passado). No mesmo levantamento, chegou-se à conclusão de que 68% da população vive abaixo da linha da pobreza e os desempregados passam de 95%.

Sem querer saber dos problemas locais, a seleção passará apenas 21 horas fora da África do Sul. Na semana que vem – segunda-feira, dia 7 – outro rival inexpressivo estará pela frente. A Tan­­zânia, número 108 do ranking da Fifa. Na mesma classificação, os zimbabuanos ocupam o posto 110.

Apesar da certeza de que não serão páreos dentro de campo, os oponentes representam exatamente o que a comissão técnica queria para movimentar a equipe em um jogo e não apenas em treinos. A última vez que a seleção ca­­narinho entrou em campo em um amistoso foi em março, nos 2 a 0 sobre a Irlanda, em Londres.

Ao vivo

Zimbábue x Brasil, às 10h30 (de Brasília), na RPC TV e SporTV; e no tempo real comentado da Gazeta do Povo (www.gazetadopovo.com.br/esportes).

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