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O atacante uruguaio Suárez evita com a mão  o gol de Gana no último minuto da prorrogação. Era a última saída para a Celeste. E funcionou. Os africanos erraram o pênalti | Brian Snyder Reuters
O atacante uruguaio Suárez evita com a mão o gol de Gana no último minuto da prorrogação. Era a última saída para a Celeste. E funcionou. Os africanos erraram o pênalti| Foto: Brian Snyder Reuters

Suárez imita Maradona

Agência Estado

Suárez foi um dos mais procurados pela imprensa após o jogo. Todos queriam saber porque ele colocara a mão na bola. Irreverente, usou as mesmas palavras que se tornaram históricas quando Maradona explicou o gol irregular que anotou na classificação argentina para as semifinais da Copa de 1986, contra a Inglaterra. "Desta vez a mão de Deus foi minha", disse. O atacante do Ajax afirmou que não havia outra coisa a fazer naquele momento. "Eu não tinha outra alternativa. Ainda bem que deu certo", comemorou.

Outro herói da noite, por defender duas cobranças de pênalti, o goleiro Muslera vibrou com a atuação do amigo. "Se ele não tirasse aquela bola, estaríamos desclassificados", disse. Muslera contou também que já sabia das habilidades de Suárez na outra posição. "Quando a gente brinca antes do treino, ele sempre joga no gol. E é um bom goleiro."

Questionado se Suárez teria "roubado", o técnico Oscar Tabárez lamentou a pergunta. "É um instinto do jogador não deixar a bola entrar. Ele foi punido pelo que fez." Expulso, na semifinal contra a Holanda o camisa 9 poderá usar as mãos apenas para gesticular e torcer pela equipe.

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No último minuto da prorrogação, o artilheiro uruguaio Suárez deu uma de goleiro para tirar a bo­­la em cima da linha. Pena­­­li­­dade máxima e cartão vermelho para o camisa 9. Era só o ganês Gyan mandar para a rede e selar a inédita classificação de uma seleção africana para as semifinais. Mas logo depois se perceberia: nunca uma expulsão valeu tan­­to a pena para a Celeste. O adver­­sário mandou a bola no travessão e a decisão foi prolongada justamente para os pênaltis. No­­vamente contando com erros de Gana, o Uruguai voltou a figurar entre os quatro melhores de um Mundial.

"Quem acredita em destino talvez possa explicar, mas eu não tenho uma explicação para o que aconteceu hoje", disse o técnico Oscar Tabárez ao site da Fifa. Ele comandava a seleção uruguaia na última classificação para a segunda fase de uma Copa, em 1990. Em uma semifinal, o país não chegava desde 1970, quando perdeu para o Brasil de Pelé e com­­panhia no México.

O treinador reconheceu que, a exemplo do duelo com a Coreia do Sul, pelas oitavas de final, o ti­­me não rendeu o esperado. "Não jogamos bem, mas sobrevivemos a circunstâncias dificílimas. Tomamos um gol no final do primeiro tempo e tivemos um pênalti contra nós no último se­­gundo", afirmou, exaltando a raça dos jogadores.

O gol ganês foi feito por Mun­­tari, batendo de fora da área e contando com a colaboração do goleiro Muslera – que ainda daria a volta por cima, pegando duas cobranças nos pênaltis. For­­lán empatou batendo falta no início da segunda etapa. O goleiro Kingson, que fez boas defesas, também foi mal no lance, dando um passo para o lado errado e não conseguindo voltar.

No geral, Gana foi melhor. Con­­tando o tempo normal e a prorrogação, tentou 30 finalizações – contra 19 dos uruguaios. Mas a falta de pontaria, grande problema do time nas fases anteriores, voltou a atrapalhar. Espe­­cialmente nos pés de Gyan, no lance decisivo. "No final tivemos o pênalti que foi a oportunidade histórica de chegar à semifinal. Devemos nos orgulhar do que conquistamos. Assim é o esporte e a justiça. Hoje [ontem] foi o Uru­­guai que teve sorte", disse o técnico da seleção africana, o sérvio Milovan Rajevac.

Nem o "goleiro" Suárez acreditava mais nessa sorte. Depois da expulsão, ele deixava o campo em desespero. Mas a bola no travessão o fez voltar correndo para comemorar a nova chance.

Chance muito bem aproveitada, aliás. Na disputa por pê­­naltis, Gyan converteu o dele, mas Mensah e Adiyiah pararam no goleiro Muslera. Forlán, Vic­­to­­­rino, Scotti e "Loco" Abreu mar­­caram para o Uruguai. O cen­­­­troavante do Botafogo, justificando o apelido, bateu com uma leve ca­­va­­dinha, tal qual havia feito na decisão do Esta­­dual contra o Flamengo. "Não se trata apenas de coragem. É uma forma de marcar um pênalti. Há várias formas e esta é a que eu mais gosto", explicou, nem pa­­­recendo falar de um lance va­­len­­do uma semifinal de Copa do Mun­­do. Qua­­­renta anos depois.

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