O técnico Bert van Marwijk entre suas duas principais estrelas, Sneijder (de costas) e Robben. Mesmo com jogadores deste quilate, ele optou por um estilo pragmático que até agora vem surtindo resultado| Foto: Thomas Coex/ AFP

Polêmica

Sneijder desmente revista

Segundo o meia Sneijder, a Torre de Babel na qual se transforma uma Copa do Mundo foi a culpada pela polêmica do dia. Em entrevista publicada pela revista holandesa Helden, ele aparece chamando Dunga e Maradona de idiotas – pela forma como os técnicos de Brasil e Argentina se comportam à beira do gramado –, e elogiando o estilo mais calmo de seu treinador na seleção, Bert van Marwijk. Rapidamente o jogador desmentiu as declarações, via assessoria de imprensa. Ele alegou "erro na transcrição e nas várias traduções".

O discurso editado pela revista foi o seguinte: "É agradável ter alguém no comando que transmite tranquilidade e não pânico. Mesmo com a desvantagem diante do Brasil, ele [Van Marwijk] se manteve calmo. Eu prefiro um treinador como Van Marwijk ao lado do campo a idiotas como Maradona e Dunga."

A única restrição de Sneijder foi à palavra idiotas. "Tenho grande respeito por ambos", garantiu em nota oficial.

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Os jogadores holandeses em um momento de descontração no último treino antes da semifinal, realizado ontem no Estádio Athlone, na Cidade do Cabo
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A Holanda mudou. A constatação foi feita pelo maior jogador da história do país, Johan Cruyff. O ídolo anda meio de bico com a Laranja Mecânica – mais mecânica do que nunca. Não critica abertamente, mas já deu a entender várias ve­­zes nas entrelinhas não estar nada satisfeito com o futebol apresentado pelo time de Bert van Marwijk.

Questão de estilo. "Sempre coube a nós levar algo a mais ao Mun­­dial", disse ele na mesma en­­tre­­vista, publicada pelo jornal inglês Daily Mirror, na qual classificava o Chile como "o time mais vistoso" da Copa – posto que, na sua visão, sempre pertenceu aos holandeses.

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Van Marwijk foi questionado mais uma vez ontem a respeito das insinuações de Cruyff. Parou, respirou fundo, e saiu pela tangente. Preferiu não bater de frente, evitando polemizar antes do confronto semifinal de hoje, às 15h30 (de Brasília), contra o Uruguai.

"Cada um tem uma opinião, um conselho para me dar. Recebo vá­­rios. Cruyff também falou ou­­tras coisas, frases positivas. Vamos seguir o caminho que escolhemos", disse ele, um ex-atacante com passagem simbólica pela seleção – disputou apenas um jogo, em 1975.

O caminho escolhido pelo atual técnico, e odiado por Cruyff, co­­locou uma pitada de pragmatismo em um time que já foi chamado de "carrossel holandês". O time segue ofensivo, muitas vezes atacando com quatro jogadores. Mas agora dá muito mais importância à marcação, como ficou evidente na vi­­tó­­ria de virada sobre o Brasil.

A tática tem se mostrado infalível há dois anos. A Holanda não per­­de desde 6 de setembro de 2008. Na ocasião, foi batida pela Austrália, por 2 a 1, em um amistoso disputado em Eindhoven. A in­­vencibilidade vai além. Única seleção a ganhar as cinco partidas na Co­­pa, vem ostentando 100% de aproveitamento desde o início das Elimi­­natórias europeias – o último time a conquistar o título mundial sem perder pontos entre a fase classificatória e o Mundial foi o Brasil de 1970.

Números que reforçam a confiança de que o país pode voltar a disputar uma final de Copa após 32 anos. "O importante neste mo­­mento é vencer. Se der para ser com um futebol bonito, tanto me­­lhor", avisou o capitão Gio­­vanni Van Bronckhorst, de 35 anos, que já anunciou a aposentadoria no próximo dia 11. "Sempre desejamos jogar um futebol como dos anos 70, mas desejamos mais ainda ganhar. Viemos para cá com o objetivo de ser campeões", emendou o lateral-esquerdo, ex-jogador de Barcelona e Arsenal, que estava no holandês Feyenoord. Cruyff não iria gostar de ouvir. Como não tem sentido prazer em ver a sua Holanda.

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