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Cristiano Ronaldo, um dos destaques da Copa, treina na África do Sul | Fotos: Jose Manuel Ribeiro/Reuters
Cristiano Ronaldo, um dos destaques da Copa, treina na África do Sul| Foto: Fotos: Jose Manuel Ribeiro/Reuters

Idioma - Durban verá festa da língua portuguesa

Johannesburgo - Uma partida em um país de língua inglesa onde praticamente todo o estádio Moses Mabhida estará falando português. Esse será o confronto entre Brasil e Portugal, no dia 25, em Durban, válido pela última rodada da primeira fase da Copa do Mundo.

De acordo com as entidades portuguesas são esperados por volta de 5 mil torcedores vindos direto do país natal para a África do Sul.

Contudo, de acordo com estimativas, quase metade desse total ainda não tem ingressos para as três partidas da fase inicial. O problema ocorre, pois a compra dos pacotes superou as expectativas. E agora as empresas de turismo têm de correr atrás de ingressos com cambistas – o que está aumento bastante o custo da viagem.

Mesmo assim isso não deverá ser problema. Além de brasileiros e portuguesas, há uma enorme colônia de moçambicanos e angolanos na África do Sul.

"Será um momento incrível, onde só a nossa língua será ouvida", diz o empresário Silvério da Silva.

  • Torcedores portugueses se penduram na grade para ver a seleção

Johannesburgo - Os sul-africanos têm uma queda pelo futebol brasileiro, disso não há dúvida. Contudo, mesmo que o time de Dunga não chegue a enfrentar os anfitriões, em ao menos uma partida a seleção brasileira jogará quase sem apoio da torcida: contra Portugal.

Atualmente a colônia portuguesa na África do Sul tem cerca de 400 mil pessoas. Ela está espalhada pelo país inteiro, mas, um pouco mais da metade reside nos arredores de Johannesburgo.

Por isso, ontem pela ma­­­­­nhã, a pequena Maga­­­­lies­­­­burg presenciou a maior festa para a chegada de uma seleção que irá disputar a Copa do Mundo. Para receber o time de Cris­­­­tiano Ronaldo, cerca de 5 mil pessoas se apertavam em frente do hotel que o time ficará ao me­­nos até o fim da primeira fase.

Foram necessários helicóptero e vários carros policiais para conter o torcedor. Mesmo as­­­­sim, muitos se atravessavam na frente do ônibus. A festa iniciou no Aero­­­­porto Interna­­­cional de Tambo, quando o acesso ao time português não foi permitido. E terminou à tarde, quando os jogadores realizaram o primeiro trabalho, em um campo de uma escola da região.

"Thank you Mogale City" (Obrigado Mogale City) foi a faixa exposta pelo time ao fim do treinamento.

A cidadezinha fica anexa a Johannesburgo e faz parte do círculo em volta da maior cidade da África do Sul onde, nos dias de hoje, os portugueses residem.

"A nossa colônia já foi o dobro disso. Mas depois do fim do apartheid, muitos resolveram ir embora", conta Silvério Soares da Silva, 70 anos, empresário do ramo de turismo.

Ele viu boa parte da saga portuguesa nas terras sul-africanas. Inclusive o boom pelas guerras em Angola e Moçambique nos anos 60 e 70. Ele mesmo chegou em 1964. Era militar, vinha de uma dessas guerras, passou por aqui e viu chance de futuro. Pediu afastamento do exército e tentou a sorte. Ganhou.

"Não sou formado, tenho apenas o primário. E em Portugal não havia empregos", conta sobre sua motivação.

Hoje, só para se ter uma ideia, o prédio onde está instalado o Consulado de Portugal é dele. E mais da metade das pessoas que deverão vir de Portugal para a Copa, compraram pacotes da sua empresa, a Novo Mundo.

Por tanto tempo e conhecimento sobre a colônia portuguesa na África do Sul, Silvério é também o presidente do Con­­­­selho permanente das comunidades lusitanas no país. E não esconde um certo orgulho por, em 94, com o fim do apartheid, ter ficado no país mesmo contra a opinião de muitos.

"Tínhamos quase 800 mil portugueses morando aqui. Mas aí muitos ficaram com medo que acontecesse o que tinha ocorrido em Angola e Moçambique. Que houvesse mortes, violassem nossas mulheres", lembra. "Mas eu tive fé".

Já não é o caso com a seleção portuguesa. Para o empresário, o jogo com o Brasil pode até ser deixado de lado. O importante, em sua opinião, é vencer a Costa do Marfim. Ele mesmo torce bastante. Mas apenas isso.

Em frente a sua empresa há um letreiro eletrônico que corre em vermelho uma mensagem de "força Portugal". Não tem a cedilha por limitações do equipamento. Mas há outra in­­terpretação.

"Já escrevi assim, pois se vencer é força, mas se perder, é forca Portugal", brinca.

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