A reação ao chute de Messi, nas mãos do goleiro Neuer, nos minutos finais foi o resumo de Diego Maradona durante a derrota por 4 a 0 para a Alemanha neste sábado: cara de sofrimento, sem gesticular muito ou reclamar, apenas o lamento olhando para o chão. A Copa do Mundo que poderia transformá-lo no maior nome da história do torneio acabou mais cedo para o técnico da Argentina, que teve que consolar seus jogadores na saída do gramado.
Criticado desde o dia que assumiu a seleção "albiceleste" em outubro de 2008, Maradona parecia um novo treinador no Mundial. Seu primeiro como técnico, quinto na carreira (1982, 1986, 1990 e 1994 como atleta). Pouco lembrava aquele treinador que terminou as eliminatórias no sufoco e gritando "Sigan mamando" para os jornalistas. Bem humorado e carismático, transformou cada entrevista coletiva em um espetáculo. Transformou-se na estrela da Copa, mesmo sem usar chuteiras.
Elegantemente vestido, Maradona entrou com a Argentina em campo neste sábado confiante. Durante a semana, repetiu várias vezes que tinha time para vencer a Alemanha e ir às semifinais. Mas a Argentina sem o Maradona jogador nunca mais fez isso: desde 1990, quando o Pibe brilhava com a 10 e foi até a final (vice da Alemanha), os hermanos não passam das quartas.
O gol-relâmpago de Müller abateu Maradona. E toda a seleção argentina. Lionel Messi nem de longe foi o atleta que havia ido bem nas quatro primeiras partidas da "albiceleste", com quatro vitórias. O atual dono da camisa 10 sumiu na Cidade do Cabo e terminou a Copa sem gols.
À beira do gramado, Diego pouco podia fazer. Passou a maior parte do tempo de braço cruzado. Reclamou de uma falta ou outra, mas sem a mesma empolgação das primeiras rodadas. Até mexeu bem taticamente no primeiro tempo, quando viu que Otamendi levava um baile pela direita. Trocou Di Maria de lado e a Argentina cresceu, quase chegando ao empate antes do intervalo.
Mas a história mudou na etapa final. A mortal Alemanha não deu chance ao azar e mostrou que é mais organizada. Ofensiva, a Argentina de Maradona sofreu com a frágil defesa. O setor mais criticado e responsável pela dor de cabeça dos torcedores mostrou que realmente a equipe não estava equilibrada.
Diego foi ousado. Colocou o time para frente durante todo o Mundial. Mesmo sabendo do perigo que corria contra os alemães, deixou Di Maria e Maxi Rodriguez no meio-campo, com três atacantes (Messi, Higuaín e Tevez) e Mascherano sozinho na marcação. Foi teimoso, marca típica de Maradona.
E também foi afetuoso, outra característica sua. Quando o juiz apitou o final do jogo, entrou no gramado e abraçou todos os seus jogadores. A maioria chorava. A cara de Maradona mostrava que também estava triste, mas tentou conter as lágrimas. Apertou a mão de um por um, deu abraços e beijos.
Diego foi embora de mais uma Copa. Em 1982, como a revelação que não brilhou. Em 1986, com a taça na mão e dono do mundo. Em 1990, vice e reclamando da Fifa. Em 1994, revoltado com o resultado positivo no exame antidoping. Em 2010, como um técnico que ficou no quase. Daqui a quatro anos tem mais. Será que ele volta?
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