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Nono maior produtor mundial, as principais vinícolas sul-africanas ficam a 45 quilômetros da Cidade do Cabo | Valterci Santos/ Gazeta do Povo – enviado especial
Nono maior produtor mundial, as principais vinícolas sul-africanas ficam a 45 quilômetros da Cidade do Cabo| Foto: Valterci Santos/ Gazeta do Povo – enviado especial
  • Exportação de vinho da África do Sul chega a R$ 7 bi por ano, mas apenas R$ 200 mi são comercializados para o Brasil

O crescimento das exportações do vinho sul-africano fez com que a uva produzida no país da Copa so­­fresse uma comparação no mínimo curiosa com uma das maiores atrações turísticas do país: os animais selvagens.

Em algumas vinícolas é possível se fazer um safári de jipe pelos imensos campos de plantação de uvas onde, olhando para videiras praticamente iguais, descobre-se a semelhança entre bichos e uvas.

No Big Five do vinho, a rainha cabernet sauvignon é comparada ao leão por sua excelência. Ela é a mais produzida no país (5,1%).

O elefante, aqui, é a cabernet franc.

"O animal tem uma memória invejável. E quando você tomar esse vinho não esquecerá mais de­­le", avisa o guia Keura­­petse Pue­­me­­lo Johannes, ou apenas KPJ.

Segue ainda a merlot, o leopardo desse safári por ser considerada tímida ao primeiro cheiro. Pelo mo­­tivo oposto, o rinoceronte da vi­­sita é a sauvignon blanc. Por último, a pinotage, espécie exclusiva do país, é comparada ao búfalo por sua textura marcante – a uva é o cruzamento híbrido da pino noir com a hermitage, como é conhecida a cinsaut por aqui, descoberta em 1921.

Falando assim, pode parecer grego até para quem está começando a se iniciar no mundo dos vinhos. E é mesmo. Talvez só ficasse mais fácil se todos pudessem acompanhar a degustação guiada que se seguiu na vinícola Warwick Estate, uma das mais conhecidas da região de Stellen­­bosch (onde es­­tão concentradas as melhores vinícolas sul-africanas). Ela faz parte do conhecido caminho do vinho, a 45 quilômetros da Cidade do Cabo.

Mas, sem a prática, basta dizer que, por aqui, um vinho de boa qua­­lidade, que custaria mais de R$ 100 em um supermercado ou loja especializada de Curitiba, sai por volta de R$ 20. E se compararmos restaurantes, a diferença seria ainda maior.

O grande problema, no entanto, é encontrar a bebida sul-africana no Brasil. As exportações de vi­­nho no país da Copa giram em tor­­no dos R$ 7 bilhões por ano. Mas desse total apenas R$ 200 milhões vêm do mercado brasileiro – que ainda concentra a maior parte de suas importações na América do Sul.

Mas o vinho da África do Sul cor­­responde a 3% da produção do mundo. É o nono no ranking global. Em apenas 15 anos, aumentou em 700% as vendas para fora. E no Reino Unido, por exemplo, já tem um mercado maior do que o tradicional vinho francês.

Esse desempenho fez o Brasil tentar aprender o segredo dos sul-africanos. Há duas semanas, a em­­baixada brasileira conta com um adido agrícola na África do Sul com a missão de estabelecer acordos para desenvolver a tecnologia de produção do vinho.

Mas vai uma dica. Se você está apenas no início desta viagem gustativa, escolha vinhos mais novos. São os mais fáceis, o que não é de­­mérito.

"Os vintages (que também significa ter a capacidade de envelhecer na garrafa) são mais complexos. É necessário mais experiência para apreciar melhor", explica o responsável pela vinícola, James Dare. Ano que vem, ele promete ir ao Brasil para colocar o seu vinho no mercado.

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