Desdém
A Eslovênia surpreendeu a Rússia nas Eliminatórias para a Copa do Mundo. Na África do Sul, estrearam com vitória sobre a Argélia. Agora, a equipe pede respeito. "Acharam que perderíamos as três e voltaríamos para casa. As pessoas respeitam os grandes, como Brasil e Itália, e olham para os demais com desprezo", reclamou o zagueiro Brecko. "Só que agora nós temos muito mais experiência e podemos ver que ninguém é imbatível", acrescentou. É assim, com a intenção de ser visto "com outros olhos" que a Eslovênia vai a campo. E otimista. "O nervosismo passou, toda a ansiedade desapareceu. Sabemos que somos capazes de pressionar os nossos adversários", disse o capitão Koren, autor do único gol do time no torneio.
Ainda é cedo para cravar que os Estados Unidos descobriram o soccer. Mas não é difícil dizer que meio caminho já foi andado. Dois números revelam a mudança que anda em curso no país que inventou um futebol para chamar de seu, o futebol americano. No sábado, aproximadamente 13 milhões de ianques pararam em frente ao televisor para assistir à estreia do país na Copa do Mundo 1 a 1 com a Inglaterra, uma das candidatas ao título. O time volta a campo hoje, às 11 horas (de Brasília), para enfrentar a Eslovênia.
Outros 130 mil norte-americanos compraram ingressos para assistir Donovan e seus companheiros in loco, descartando a sugestão dada pelo governo federal para que não viajassem devido à insegurança na África do Sul.
Há, além dos recentes resultados expressivos como o vice-campeonato da Copa das Confederações no ano passado (perdeu a final de virada para o Brasil), um senhor de 52 anos por trás da transformação. Bob Bradley, um obcecado pelo soccer, assumiu a seleção após o fracasso da equipe no Mundial de 2006, em substituição a Bruce Arena, um de seus professores.
Bradley aprendeu futebol na universidade. Primeiro como jogador, em Ohio. Depois como treinador. Lá, estudou planos táticos exaustivamente. Passou pelo Chicago Fire, New York Red Bulls e Chivas USA antes de aceitar o convite da federação local. O trabalho, iniciado de maneira interina, mudou radicalmente o patamar dos Estados Unidos no cenário mundial. O time hoje é respeitado. E, após segurar a Inglaterra, virou o candidato número 1 ao posto de zebra da Copa. "Estamos trabalhando, conscientes do que ainda precisamos fazer. A Eslovênia é um adversário com muitas qualidades", disse ele, usando uma frase que bem poderia ter saído da boca de Dunga.
Os dois são parecidos. Não fazem muita questão de agradar, especialmente a imprensa. Bradley abusou das respostas curtas na entrevista de ontem. Evitou entrar em detalhes. Permitiu que apenas dez minutos do trabalho fosse filmado. Depois, ordenou que os portões do Ellis Park fossem fechados. "Qualquer erro pode nos tirar do torneio. É preciso muita inteligência durante o jogo", disse Carlos Bocanegra, capitão do EUA, recebendo a concordância do "professor". Por isso o mistério.
Fora de campo, ontem, a presença dos EUA para o treino de reconhecimento do gramado mudou o esquema de segurança do Ellis Park. Os policiais foram bem mais exigentes. Logo na entrada, uma demorada inspeção do carro e das malas. O "normal" seria somente a passagem pelo raio X.
Ao vivo
Eslovênia x EUA, às 11 h, na RPC TV, Band, BandSports, SporTV e ESPN Brasil.