Nada de descanso para a campea europeia Espanha, pelo menos para o time reserva, que treinou ontem com portões abertos ao público: no dia anterior, a Fúria havia garantido a classificação inédita para a final da Copa do Mundo| Foto: Lluis Gene/AFP

Espanha

Del Bosque descarta mudanças

Agência Estado

O técnico da seleção espanhola, Vicente del Bosque, descartou surpresas na escalação para a decisão da Copa do Mundo, contra a Holanda, no domingo, em Johannesburgo. "A ideia é continuar com o nosso jogo, a nossa boa organização e, dessa forma, a qualidade individual pode ser decisiva. Mantivemos um grupo de jogadores nesses seis jogos anteriores e não acredito que haverá alterações", declarou o treinador.

Del Bosque – que participou ontem de um chat com os leitores do jornal El País – não confirmou, porém, se o atacante Fernando Torres permanecerá no banco de reservas. Criticado pelo fraco desempenho no Mundial, o jogador acabou perdendo a condição de titular na semifinal contra a Alemanha. Pedro, seu substituto, teve uma atuação elogiada, apesar de desperdiçar uma clara oportunidade de gol quase no final da partida.

O treinador também analisou as virtudes do adversário da final. Segundo ele, a Holanda não se resume apenas aos meias Robben e Sneijder. "Eles não são apenas Sneijder e Robben. Tem o Kuyt, o Van Persie. Mas se defendermos como contra Portugal e Alemanha, poderemos vencer", analisou.

Del Bosque rejeitou ainda a condi­­ção de favorito para o duelo. "Eu não acho que somos favoritos. A Holanda vem fazendo uma excelente Copa do Mundo. Basta lembrar que venceram o Brasil, que não pode ser considerado um adversário fácil", afirmou.

Após a vitória de ontem so­­bre a Alemanha, em Durban, a delegação espanhola retornou ontem de manhã para a cidade de Potchefstroom, local onde está concentrada desde o início do Mundial. Apenas os jogadores reservas treinaram.

Sem querer, o técnico acabou revelando ainda o motivo de a Espanha ter sofrido tanto em algumas partidas deste Mundial, na África do Sul: seu time subestimou adversários de menor prestígio, como os sul-americanos Chile e Paraguai.

O treinador fez a "confissão" ao analisar a vitória sobre a Alemanha, por 1 a 0, na semifinal de quarta-feira, primeira partida na Copa que os espanhóis jogaram um bom futebol.

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Um jogo entre a Holanda original e um genérico holandês, que também atende pelo nome de Espa­­nha. Foi mais ou menos assim que o técnico holandês, Bert van Mar­­wijk, definiu a final do Mun­­dial da África do Sul.

"A Espanha é uma equipe in­­fluenciada pelo Barcelona, e o Bar­­celona é influenciado por Johan Cruyff e Rinus Michels. Esse é um grande elogio para o futebol holandês. Então, é algo um pouco irônico", disse o treinador, em en­­tre­­vis­­ta em Johannesburgo.

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Referia-se, respectivamente, ao principal jogador do time conhecido como Carrossel Holandês na Co­­pa de 1974 e ao técnico daquela equipe, morto em 2005. Ambos também tiveram passagens me­­moráveis pelo Barcelona, base da atual seleção espanhola.

Van Marwijk (pronuncia-se Már­­vic), um homem de respostas curtas e impacientes, deixou escapar um raro momento de emoção ao revelar que pensou na Holanda vice-campeã das Copas de 1974 e 1978 quando Robben fez o terceiro gol contra o Uruguai, na semifinal. "Estamos há 32 anos esperando."

Depois, questionado se seu ti­­me entraria em campo em nome dos jogadores daquelas duas seleções, ele voltou ao tom seco habitual. "Nós jogamos para todo mundo na Holanda", disse.

Para o treinador da Laranja, o adversário é o favorito. "A Espanha tem sido o melhor time de futebol do mundo nos últimos anos. Mas nós não temos medo. Se o mundo inteiro diz que eles são favoritos, tudo bem. Te­­mos confiança em nós mesmos."

Van Marwijk, apesar da insis­­tên­­cia dos jornalistas, recusou-se a identificar um jogador que seria fundamental na campanha até agora.

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Disse apenas que o atacante Van Persie, que até agora não jogou o esperado nesta Copa, "está me­­lhorando e criando chances de gol".

Sobre o esquema de jogo e a formação que entrará em campo, foi enigmático: "Direi isso a meus jo­­ga­­dores, mas não direi a vocês".

A carranca de Van Marwijk deu lugar a alguns momentos de hu­­mor involuntário, como quando respondeu se concordava que é melhor treinador do que foi jogador. "Eu joguei só uma vez pela se­­leção. E tive muitas contusões em minha carreira."

Também deu uma explicação sobre por que acha que o número de fãs pró-Holanda não fará dife­­ren­­ça no domingo. "Tudo o que ou­­vimos são as vuvuzelas. Fica tudo igual para os dois times."