Diego Maradona sorri durante entrevista coletiva: poucos amigos| Foto: Enrique Marcarian / Reuters
Odiada pelos jogadores, a bola Jabulani está em toda parte na África do Sul – até mesmo na entrada do centro internacional de transmissão

Sem a seleção da Argentina para noticiar, os próprios argentinos preferiram o Brasil. Não é uma pesquisa, mas uma simples constatação. A cada dia que Maradona impediu o acesso dos jornalistas de seu país à Universidade de Pretória, onde os hermanos estão concentrados, ou não deu entrevistas, mais as atenções se voltaram para o time de Dunga.

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Uma espécie de efeito cascata que, aos poucos, faz o Brasil virar a salvação para as manchetes do país vizinho. Os argentinos chegaram sábado, e desde lá o mais próximo que a imprensa havia chegado foi do portão do local de treinos, a quase um quilômetro do campo, e com lonas verdes para impedir que algo fosse visto – a mesma atitude tomada por Daniel Passarela, em 1998, na França.

Enquanto isso, Dunga liberava os treinos e fornecia atleta para coletivas quase diariamente. Na concentração brasileira, até mesmo os funcionários do clube de golfe ao lado do campo de futebol, e os alunos de uma escola próxima, puderam acompanhar os trabalhos da seleção canarinho.

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O resultado mais claro das diferenças de condução dos dois técnicos foi que a imprensa argentina passou a focar mais o Brasil, já um dia depois de desembarcar na África do Sul. Domingo, isso ficou claro no tratamento dado à resposta de Luís Fabiano sobre quais atletas ele achava que poderiam ser os goleadores da Copa.

O centroavante brasileiro citou vários candidatos a goleador do torneio na África do Sul, mas quando falou de Messi foi reticente, dizendo que o atleta jogava melhor em clube do que seleção. O suficiente para fazer a capa do Olé do dia seguinte uma espécie de resposta. "Melhor Caladinho!" era a manchete do diário argentino – com os dizeres sobre a foto de Fabuloso.

O fato fez o clima ficar tenso na mesma proporção em que os profissionais que cobrem o rival aportaram nos treinos da seleção. Domingo, um repórter argentino apenas foi suficiente para o estrago. Ontem, dois dias, já havia profissionais de cinco veículos disputando as perguntas com os repórteres brasileiros.

Se na segunda os argentinos acabaram sendo, delicadamente, deixados de lado na coletiva, na terça-feira não deu para evitar. Sobrou para Elano e Ro­­binho. O assunto, o mesmo de sempre: Messi. "Respeito a Argentina como todas as outras seleções, mas estou mesmo é preocupado com o Brasil. Não se descarta o que o Messi faz, mas estamos focados no nosso trabalho, que é vencer", disse o volante, que parecia bem orientado. "Não estamos preocupados com a Argentina. Queremos fazer o nosso trabalho. Quanto ao Messi, é um grande jogador", completou Robinho.

Ontem à noite, Maradona quebrou o silêncio. Mas se esquivou de responder perguntas sobre a escalação. Passou a entrevista toda mostrando deslumbramento em relação ao elenco que bus­­ca o tricampeonato. "Tenho 23 feras que estão dispostas a deixar a pele em campo", falou. "Em cada trei­­no fica mais difícil. Mas, é lin­­do porque tenho jogadores que se matam, que dão tudo em cada disputa de bola".

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