Se ainda existe alguma dúvida sobre a Arena da Baixada abrigar os jogos da Copa de 2014 por ter muitos prédios no seu entorno, ou problemas para adequar estacionamento, esqueça.
O Ellis Park, palco da estreia da seleção brasileira na África do Sul (dia 15, contra a Coreia do Norte), vai ainda mais longe: fica a poucos metros de uma universidade, quase não tem espaço para carros e, para piorar, está localizado no movimentado bairro que dá nome à praça esportiva.
Nessa linha de comparação, também não há motivos para se preocupar com um possível atraso na obras. Afinal, ontem, a 10 dias da partida entre Argentina e Nigéria, a primeira que o estádio abrigará na Copa, nem traves no campo existiam.
Em uma conversa informal com operários, veio a explicação de que hoje tudo estaria pronto. Mas era difícil de acreditar. A visita sem aviso prévio da Gazeta do Povo comprovou que o Ellis Park (atualmente Coca-Cola Park, mas para a Fifa apenas Estádio de Johannesburgo) ficará pronto mesmo é em cima da hora.
O principal a ser feito está no gramado. Talvez pelo local ter sido projetado primeiramente para o rúgbi, lá só não falta a grama. O campo, contudo, ainda espera, além das traves, marcação de cal e até o banco de reservas.
"Mas nosso gramado é um tapete. Está perfeito", justificou uma das funcionárias que corriam contra o tempo na parte interna da construção. "Estamos trabalhando sem parar faz três meses, até o fim de semana tudo estará pronto", disse Just Grant, que comandava três outros operários no setor de imprensa, que ainda não tinha mesas, só o espaço esperando por elas. O mesmo ocorria até no camarote reservado aos dirigentes da Fifa, que estava simplesmente vazio.
A situação do Ellis Park, no entanto, é um pouco diferente de outros estádios como o Soccer City, por exemplo, que ontem foi inaugurado pelo presidente da Fifa, Joseph Blatter. O último foi totalmente construído especialmente para a Copa. Já o Ellis tem a sua trajetória iniciada em 1928 e, em muitos momentos, se divide com a própria história do povo sul-africano.
Ele foi construído para ser usado especialmente pelos jogadores de rúgbi, que eram brancos. E com esse esporte teve seu ápice: depois de ser destruído e reconstruído em 1982, foi palco da famosa vitória sul-africana na Copa do Mundo do esporte com as mãos, em 1995 marco da união de raças no país e que inspirou o filme Invictus.
Talvez por essa ligação tão forte, o Ellis Park seja alvo de constantes cuidados e reformas. Ontem, por exemplo, na parte onde o sol não banhava o gramado, ele recebia uma espécie de bronzeamento artificial. Exatamente para evitar que a grama, pelo inverno, ficasse ressecada. Aliás, exatamente o problema que ocorre na Arena da Baixada.
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