Veja quem fará parte da seleção. Pelo levantamento da Gazeta, 18 jogadores já estão garantidos| Foto:

Repercussão

Técnicos têm visões opostas sobre o listão

O coxa-branca Ney Franco é mais político, prefere não interferir no trabalho de um colega de profissão. Leandro Niehues, do Atlético, fica no meio termo. Se permite discordar um pouco de Dunga, mas não detalha quais seriam suas opções. Já o paranista Marcelo Oliveira vai ao outro extremo, revelando até o nome de quem levaria para a Copa do Mundo da África se estivesse no lugar do capitão do tetra.

"O Dunga teve três anos para montar uma seleção visando a uma competição curta. Muitos tiveram oportunidade e, com certeza, ele vai fechar com quem deu retorno para ele", diz Franco, descartando novidades na relação de terça-feira.

Surpresas que certamente estariam na convocação de Niehues. "Se eu fosse o treinador, abriria o grupo. Eu convocaria alguém... Mas não vou falar quem", afirma, arrancando risos dos jornalistas que o rodeavam antes da estreia do Rubro-Negro no Brasileiro, hoje, às 16 horas, contra o Corinthians, no Pacaembu.

Marcelo Oliveira foge do tom politicamente correto. Para ele, há lugar para Neymar e Paulo Henrique, os meninos da Vila. "Levaria os dois sem qualquer dúvida. O Ganso organiza o jogo, protege a bola, coisa que ninguém mais faz na seleção. Já o Neymar ficaria com o lugar do Adriano, que é muito complicado", ressalta o técnico tricolor. (CEV)

Colaboraram Napoleão de Almeida, Robson Martins e Sandro Moser

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"Se surgir um novo Pelé, eu o convoco". É assim, sem deixar margem para controvérsias, que Dunga responde às inúmeras perguntas sobre a lista final da seleção brasileira para a Copa do Mundo da África do Sul, no mês que vem – o treinador anuncia os 23 nomes na terça-feira, a partir das 13 horas, na sede da CBF, no Rio de Janeiro.Normalmente o questionamento dos jornalistas vem acompanhado de uma sugestão: Neymar, Paulo Henrique Ganso, Ronaldinho Gaúcho... E, em todas elas, Dunga sai pela tangente. Às vezes com uma certa dose de indelicadeza, algo recorrente em mais de três anos e meio de seleção brasileira.O ex-volante, capitão no tetracampeonato mundial (1994), é turrão. Não costuma rever suas convicções. No máximo aceita uma ou outra dica do auxiliar Jorginho. Fechou com o grupo campeão da Copa América, da Copa das Confederações e das vitórias contundentes sobre Inglaterra, Argentina e Itália. E disso não abre mão.

"Respeito o trabalho (da imprensa), mas se eu for atrás de vocês, a cada domingo eu troco a formação da seleção. A gente convocou 80 jogadores, deu oportunidade para todos e em cima disso vamos tomar as decisões", ressalta, praticamente fechando as portas para qualquer intruso à "família".

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As características também tornam o treinador previsível. Por isso não é tão difícil "entrar na cabeça de Dunga".

Com base em todas as convocações desde a Copa da Alemanha (2006), dá para cravar que 18 jogadores têm assento garantido no voo da TAM (uma das dez patrocinadoras da CBF) para Johannes­burgo, com saída de Curitiba prevista para o dia 26. Lista que conta com os incontestáveis Julio Cesar (20 convocações), Maicon (24), Daniel Alves (23), Lúcio (24), Juan (24), Kaká (23), Robinho (25) e Luís Fabiano (15).

Outros nomes certos, contudo, não contam com tanta simpatia do público. Felipe Melo, da Juventus (7 chamadas), acaba de ser eleito o "Bidone d’Oro" da temporada italiana, algo como o bonde do campeonato. Júlio Baptista apareceu 18 vezes nas relações de Dunga, mesmo amargando a reserva na Roma – condição compartilhada pelo goleiro Doni (13 convocações). O paranaense Kleberson (3), Josué (21), Gilberto Silva (24) e Elano (24) engrossam o grupo dos perseguidos.

Nada, porém, que tire o sono do ex-volante. "Acho que não teremos surpresas. Temos de ser conscientes e realistas. Não vivemos de promessas, e sim de fatos e realidades", afirma ele.

Frase forte, contundente, mas que não diminui as esperanças de Neymar, 18 anos, um dos "xodós da galera". "Não vejo a hora de chegar logo terça-feira para saber quem vai ou não para a Copa. Espero estar na lista para realizar o meu sonho", diz o atacante do Santos, 24 gols em 24 partidas no ano (sem contar o jogo de ontem contra o Botafogo, pelo Brasileiro).

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Estatística que pode valer pouco ante o pragmatismo de Dunga. Afinal, Neymar não é Pelé.