Vingança deixa germânicos mais entusiasmados
Agência Estado
A delegação da seleção da Alemanha resolveu trocar o politicamente correto pela sinceridade. Jogadores e o técnico Joachim Löw admitiram ontem que o jogo com a Espanha é encarado como a chance de vingar a derrota (1 a 0) na final da Eurocopa 2008, mesmo admitindo que a rival era superior naquele momento e continua sendo.
"Claro que pensamos em nos vingar. Aquela derrota causou muita frustração. Não se pode negar que estamos mais fortes hoje", afirmou Schweinsteiger.
"Para mim, a Espanha é a favorita ao título", acrescentou Löw. "É impressionante o comportamento da equipe, sua constância nos últimos dois ou três anos. Estão sempre jogando em alto nível", continuou ele, que define a oponente como um time com vários "Messis".
Após perder o título da Eurocopa em 2008 para a Espanha (1 a 0), adversária de amanhã pela semifinal da Copa do Mundo, a Alemanha reformulou-se. Porém, pouco tempo antes do Mundial, diversas contusões e contratempos obrigaram o técnico Joachim Löw a mudar ainda mais radicalmente a equipe. Receita de um fracasso anunciado que acabou se transformando em sensação na África do Sul.
O maior problema do treinador começou no gol. Após a derrota para a Fúria, Lehmann foi substituído por Robert Enke. O escolhido, porém, morreu em 2009. Diante disso, Löw optou por Rene Adler, do Bayer Leverkusen. O então novo arqueiro foi cortado em maio para fazer uma cirurgia na costela. A vaga caiu no colo de Neuer, de apenas 24 anos, do Schalke 04.
Segundo o lateral-direito paranaense Rafinha, os contratempos acabaram sendo a realização do companheiro de time. "O Neuer ficou muito contente com a convocação, era o sonho dele participar de uma Copa. Ainda mais como titular", destacou. No país, Neuer tinha fama de pouco confiável.
Na defesa, o treinador colocou Badstuber e agora Jerome Boateng na lateral-esquerda. Lahm, que ocupava a posição na Eurocopa, foi parar na direita, no lugar de Friedrich, que se fixou como zagueiro ao lado de Mertesacker. Parte das alterações que deixaram os torcedores preocupados, como destaca Rafinha. "Os próprios alemães não achavam que o time iria tão longe", relatou.
No meio, Ballack, até então o principal jogador da equipe, foi cortado com uma lesão no tornozelo. Abrindo uma vaga e com a adoção de um novo esquema tático, mais ofensivo, Özil, um desconhecido atleta do Werder Bremen, ganhou uma chance. E se firmou.
Schweinsteiger foi o único meia mantido da Eurocopa, mas recuado para volante. O treinador teve ainda de apostar no jovem Khedira, de 23 anos, para suprir a ausência de Simon Rolfes, o lesionado capitão do Bayer Leverkusen.
Mas o caso mais impressionante acabou sendo o de Müller, de 20 anos. Recém-profissionalizado pelo Bayern de Munique, o meia-atacante só estreou na seleção no amistoso contra a Argentina, no dia 3 de março. Na ocasião, o técnico Maradona o confundiu com um gandula. Quatro meses depois, tem quatro gols no Mundial e deve ser a revelação do torneio.
Na frente, Podolski foi mantido, mesmo após retornar ao pequeno Colônia, sem destaque. Mas o problema era o camisa 9. O atacante brasileiro naturalizado alemão Kuranyi era o mais cotado, mas, em outubro de 2008, em um jogo contra a Rússia, abandonou o estádio ao saber que não seria escalado. Virou inimigo do treinador.Melhor para Klose, que tinha feito apenas três gols na liga alemã como reserva do Bayern.
Mesmo com um goleiro novo, uma defesa reformulada, um meio chamado de última hora e um atacante desacreditado, a Alemanha chegou à semifinal de modo convincente. Para Rafinha, é o resultado do estilo do povo germânico. "A seleção teve muitos problemas, com baixas importantes que deixaram o time triste e desfalcado", afirmou. "Eles viram que estavam sem estrelas e mostraram que eram capazes de fazer um bom Mundial. O alemão é muito trabalhador e disciplinado".
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