“O time da Alemanha tem nove [jogadores] abaixo de 23; Argentina sete, Gana onze. Nós temos um.” Ricardo Teixeira, presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF)| Foto: Pedro Serápio/Gazeta do Povo

Dunga diz que corrigiu erros de 2006 e Parreira critica jogadores

Da Redação

Demitido do cargo de técnico da seleção brasileira, Dunga usou sua página oficial na internet para divulgar uma carta aberta ao presidente da CBF, Ricardo Teixeira. O capitão do tetracampeonato foi demitido da função na tarde de domingo, horas após dizer que poderia permanecer no cargo. A demissão ocorreu por telefone e foi anunciada oficialmente em um curto comunicado publicado no site da CBF.

Na carta, Dunga diz que "com certeza, todos os erros do passado foram corrigidos", em referência à preparação da equipe para a Copa de 2006, quando a seleção brasileira foi comandada pelo treinador Carlos Alberto Parreira.

Dunga cita ainda o fato de ter seguido com "obediência às suas determinações" e chamou Jorginho de "leal assistente-técnico".

"Resta-me acatar sua decisão, pois, certa ou não, a mim não ca­­be questioná-la, na medida em que essa é a prática, de longa da­­ta, adotada no futebol, de todos conhecida, considerando que a vida se­­gue, os compromissos são muitos e os interesses variados e complexos", afirmou Dunga.

Também ontem, Parreira, alvo central da obsessão de Dun­­ga para ajustar a seleção, poupou o sucessor, mas não os jogadores da seleção. Para o ex-treinador da equipe nacional, atletas com ex­­periência como Kaká, Lú­­cio, Juan e Robinho não poderi­­am ter perdido a cabeça como fi­­zeram no jogo contra a Ho­­lan­­da, válido pelas quartas de final do Mundial.

"Havia jogadores que já estavam em outras Copas que não poderiam ter ficado tão nervosos como ficaram", disse.

"Não sei o que aconteceu, não falei com ninguém ainda, mas é estranho como um time com três jogadores que disputaram três Copas do Mundo e outros como Robinho, que esteve em 2006, ficaram tão nervosos, sem conseguir ter uma possibilidade de reverter o resultado", completou.

A CBF já anunciou que pretende colocar uma piscóloga na comissão técnica.

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Confira os técnicos cotados para comandar a seleção
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Dia 25 de julho é a data pré-determinada para que o país conheça o sucessor de Dunga na seleção brasileira. Em entrevista ontem ao canal SporTV, o presidente da CBF, Ricardo Teixeira, disse que esse é o prazo máximo para definição, já que em 10 de agosto o Brasil fará um amistoso com os Estados Unidos. Mas esse não foi o único ponto abordado pelo dirigente.

Num clima cordial e com pouquíssimas cobranças pelo desempenho brasileiro, Teixeira aproveitou para expor a ideia de que a seleção precisa se renovar. "O time da Alemanha tem nove [jogadores] abaixo de 23; Argen­­tina 7, Gana 11. Nós temos um", disse, citando Ramires. Assim, o perfil do próximo técnico deve ser de alguém que passe a trabalhar pensando em 2014, 2015 e 2016, quando o Brasil terá, em casa, Copa do Mundo, Copa América e Olimpíadas. Ele trabalharia com jogadores que hoje tem cerca de 20 anos.

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Teixeira reconheceu que o escolhido terá de conviver com uma grande pressão. "Perder a Copa de 2010 é até justificado, mas perder no Brasil, um segundo Maracanazzo, não está na cabeça de ninguém", disse o dirigente, que não quis citar nomes de preferência.

Ele ainda pediu paciência à torcida, afirmado que, com a renovação, derrotas virão. E, sutilmente, tentou deixar toda a responsabilidade por algumas queixas no colo do ex-treinador Dunga. "Quando você nomeia uma comissão técnica, tem de dar autonomia. E quando você está no meio do Atlântico, você tem de atravessar o Atlântico", afirmou, dando a entender que chegou a pensar em mudança.

Torcendo pelo Uruguai na reta final do Mundial, Teixeira afirmou que não conversou com Dunga sobre a eliminação, tampouco fazia interferências, com exceção ao episódio da Olim­­píada de 2008, em Atenas, com Ronaldinho. "Fiz lá, todos sa­­­bem. Mas depois não. O técnico está ali para ‘tecnicar’. Cada um tem de fazer a sua função". O Brasil ficou apenas com o bronze, na tentativa que a CBF fez de recuperar o ex-melhor do mundo e conseguir o ouro inédito.

O dirigente ainda lamentou que, por duas Copas seguidas, a seleção vença várias competições anteriores, mas não consiga ficar com o título mais importante. Ele culpou o nervosismo dos jogadores na partida com a Holanda. "Eu não sou analista, mas o time estava profundamente nervoso. Tomamos o gol? Começou o jogo outra vez, não precisava aquela hecatombe."

Teixeira evitou frases antipáticas a Dunga. Menos quando o te­­ma foi mídia e comerciais: "Os patrocinadores pagam para te­­r seus nomes divulgados. Eles permitem que jogadores e comissão técnica viajem em jatos privados, fiquem nos me­­lhores ho­­téis do mundo. Tem de ser entendido isso." O regime fe­­chado que irritou parte da im­­prensa acabou evitando maior exposição das marcas que envolvem a seleção.

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Sobre a Copa de 2014, o presidente da CBF adiantou que tentará uma composição em São Paulo, onde deseja ver a abertura. E falou sobre Curitiba, mostrando-se tranquilo com a situação da capital paranaense: "Não acredito que haja plano B", disse, praticamente assegurando a Arena no Mundial. Sem ser pressionado para responder quem comandará o time brasileiro até lá, Tei­­xeira se resumiu a dizer: "Vai ser um dos que citam aí."