Sem parar: a F1 da mecânica Antonia Scott, da Lotus, única mulher que trabalha neste setor da modalidade, terá duas provas durante a Copa do Mundo| Foto: Leonhard Foeger/ Reuters

É natural – e praticamente inevitável – que de quatro em quatro anos a maior parte do público e da mídia, especialmente no Bra­­sil, se volte para um só lugar. No caso deste ano, entre os próximos dias 11 de junho e 11 de ju­­lho, a África do Sul se tornará o centro da atenção de milhões de fãs. Serão 31 dias de dedicação à Copa do Mundo, enquanto ou­­tras modalidades esportivas hibernam e aguardam a volta gra­­dativa às manchetes.

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Alguns grandes e tradicionais eventos, no entanto, não mudam suas programações por causa da Copa. A Fórmula 1, por exemplo, terá duas etapas bem no meio do Mundial. O GP da França está mar­­cado ainda durante a primeira fase (22/6). A corrida inglesa (06/7) coincide com uma das semifinais.

O circo do Campeonato Mun­­dial de Carros de Turismo (WTCC) é outro que continua na ativa, com prova marcada para o dia 20 de junho, na Bélgica, bem como a Volta da França de Ciclismo, que começa no dia 3 de julho.

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O caso mais emblemático é o torneio de Wimbledon, o mais an­­tigo do tênis mundial, que tem início e fim exatamente no perío­­do da Copa (21/6 à 04/7). Sem re­­ceio de sair no prejuízo, a direção do campeonato fez questão de não mudar nem uma data sequer de sua programação por causa do Mundial. Para o pesquisador da Universidade de Liverpool e doutorando em Indústria do Futebol, Oliver Seitz, realmente não há motivo para isso.

"Esporte que depende da massa, que é generalizado, não tem como competir com a Copa do Mundo. Mas as modalidades que já têm seu público específico e en­­raizado, por exemplo, não te­­rão prejuízos nesse período", ga­­rante.

No país do futebol, por outro lado, todas as principais divisões do Campeonato Brasileiro se­­guem a determinação da Fifa e param suas atividades. A pausa também coincide com os maiores torneios de vôlei e basquete, cujas temporadas já encerraram. Já outros esportes, como a Stock Car, fazem um intervalo quase que por obrigação.

"É por causa da Copa, sim,", justifica Maurício Slavieiro, diretor-geral da promotora da categoria, que entra em recesso por dois meses, entre 6 de junho e 5 de agosto. "Já que temos transmissão pela Rede Globo, o calendário bateria. Também o público. Esse é um evento que só tem a cada quatro anos e não há motivo para tentar competir", emenda, citando, porém, que a diminuição da receita não foi o principal motivo para a decisão planejada no fim de 2009.

Os esportes olímpicos brasileiros, que culturalmente já são mui­­to ofuscados pelo futebol, voltarão a ficar em último plano nos próximos meses. Fato que é encarado como natural pela lutadora paranaense Natália Fala­­vigna.

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"Se você for para qualquer país que tenha uma seleção na Copa, como França ou Espanha, o foco vai estar lá. Para qualquer grande evento isso acontece. Não dá para colocar os outros esportes de ‘coitadinhos’ por causa disso", opina. "A gente continua nosso trabalho em paralelo e também assiste, afinal, somos torcedores. É tudo muito normal. Durante outro grande evento, como a Olimpía­da, as coisas se invertem e a atenção maior passa a ser em outros esportes", fecha a medalhista de bronze no tae kwon do, em Pe­­quim.