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Atento a cada detalhe, Dunga controla folgas, participa intensamente dos treinos e não permite clima de festa na África do Sul | Albari Rosa/ Gazeta do Povo
Atento a cada detalhe, Dunga controla folgas, participa intensamente dos treinos e não permite clima de festa na África do Sul| Foto: Albari Rosa/ Gazeta do Povo

Escudeiro do treinador, Júlio Baptista quer espaço no time

Mestre da seleção brasileira na hora de tocar cavaquinho e soltar a voz nos pagodes cantados nos momentos de folga, o meia Júlio Baptista quer mais do que isso na Copa da África do Sul.

O jogador viveu há quatro anos a decepção de ter participado de boa parte das Eliminatórias, mas não ter aparecido na lista de convocados para a disputa da Copa da Alemanha. A frustração foi grande demais.

"Torci como qualquer brasileiro, mas foi um momento de muita tristeza", reconhece, sabendo que pela sua moral com Dunga, as chances de ganhar oportunidades no torneio africano são maiores.

A confiança do treinador ele conquistou por ser um de seus fiéis escudeiros desde 2006. Nunca reclamou de ser reserva, nunca aprontou fora de campo e, mesmo como reserva da Roma, da Itália, foi chamado. De fora, ficaram nomes mais talentosos para a posição de meia de chegada ao ataque, como Ganso e Ronaldinho.

"Chateado com algumas críticas a gente sempre fica, mas isso pode fazer bem para o jogador. Tento ficar sempre tranquilo para não perder a confiança de maneira alguma", comenta.

Amigo de Kaká desde as categorias de base do São Paulo, estará com Baptista a missão de substituí-lo em caso de qualquer eventualidade durante a competição na África do Sul.

O técnico Dunga está tentando fazer, fora de campo, tudo diferente do realizado por Carlos Alberto Parreira há quatro anos. Diferen­­temente do antecessor, o atual treinador da seleção brasileira não deixa os jogadores extrapolarem nas folgas, participa intensamente dos treinos e não permite o clima de festa que se via em Weggis, na Suíça, onde começou a preparação para a Copa da Alemanha.

Na África do Sul, logo no quarto dia de atividades, ontem, o capitão do tetra realizou um coletivo – não houve nenhuma surpresa na formação – em que, ao lado do auxiliar Jorginho, andou o tempo todo entre os jogadores orientando e pedindo atenção a cada detalhe.

Em 2006, o primeiro preparatório desse estilo foi só após uma semana de concentração no luxuoso vilarejo suíço. Na época, a atividade, ainda por cima, foi contra adversários juvenis do Flu­mi­nense. Parreira preferia os treinos em campo reduzido e de intensidade moderada. Pouco enérgico, nada fez ao ver seus principais atacantes – Ronaldo e Adriano – apareceram muito acima do peso.

Já Dunga, se assemelha bem mais a Luiz Felipe Scolari. A ordem é para ninguém aliviar nos treinos e mesmo os que recém-voltadosde lesão (Kaká e Luís Fabiano) devem se dedicar ao máximo nos trabalhos de campo. A não convocação do Imperador foi um recado para quem queria moleza.

Mesmo em algumas atividades físicas o técnico participa. Foi assim em Curitiba, no CT do Caju, onde não era estranho vê-lo pulando obstáculos ao lado de seus comandados.

As diferenças também estão nas restrições fora de campo. Avesso às festas e ao oba-oba, o comandante da equipe canarinho na África praticamente enclausurou seu time. Nada de entrevistas fora de hora, noites fora do hotel e eventos com convidados e patrocinadores.

Mesmo na tarde de sábado, quando ganharam descanso, os atletas tiveram o limite de 22 horas para voltar. Campo de golfe, shopping center e centro de Johannesburgo foram as opções para os que arriscaram uma saída.

Por outro lado, o Brasil de Dunga é totalmente afastado da torcida. No hotel do time em Joburgo, no bairro residencial de Randpark, ninguém entra. Nem os fãs e muito menos os jornalistas, que ficam limitados ao clube de golfe ao lado.

Os treinos, que eram abertos aos torcedores mediante compra de ingressos há quatro anos, agora são exclusividade para jornalistas e funcionários da escola Hoerskool Randburg. No entanto, já circula a informação de que alguns trabalhos serão totalmente fechados em certa altura da Copa.

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