Michel Bastos ainda não provou ser capaz de assumir a titularidade da lateral-esquerda brasileira. Do lado direito, a confiança é total| Foto: Albari Rosa/Gazeta do Povo – enviado especial

Personagem

Preterido, Baptista mostra ânimo

Considerado o reserva imediato de Kaká, o meia Júlio Baptista não foi utilizado na estreia brasileira frente à Coreia do Norte. Nem quando o titular da camisa 10 foi substituído. Naquele momento, 33 minutos do segundo tempo, o atacante Nilmar foi o escolhido para entrar no jogo.

"Me sinto preparado para jogar e quero minha oportunidade", garante o jogador da italiana Roma. "Tenho certeza que no momento certo terei a minha chance", avalia.

Diante dos Elefantes da Costa do Marfim, Baptista espera ter uma vaga no decorrer da partida que considera "a mais difícil do grupo".

"Pela forma com que joga a equipe deles. São jogadores de muita força física. Não podemos deixa-los jogar", alerta, destacando nomes marfinenses que conhece do futebol europeu "Tem o Kolo Touré, que joguei no Arsenal, tem o Drogba", comenta o meia.

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As duas laterais da seleção brasileira vivem situações totalmente opostas na África do Sul. Do lado direito, o incontestável Maicon e seu reserva Daniel Alves gozam da confiança absoluta da torcida. Já na esquerda, Michel Bastos e Gilberto têm muito a provar com a camisa amarela.

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O número de jogos pela equipe nacional escancara o abismo entre os dois lados do campo. Maicon, autor do primeiro gol dos 2 a 1 diante da Coreia do Norte, completará 56 compromissos pelo time diante da Costa do Marfim.

Já Bastos, dono da ala-esquerda, chegará apenas à partida de número sete pela equipe amanhã, no Soccer City. Passou a ser convocado apenas do fim do ano passado em diante.

Contrastes que se reforçaram muito após o técnico Dunga assumir a seleção da CBF. De agosto de 2006 para cá, o camisa 2 da Inter de Milão nunca viu sua posição ameaçada na formação principal. Sem interrupção, participou das conquistas da Copa América, Copa das Confederações e do primeiro lugar nas Eliminatórias.

Alves, seu suplente, é astro do Barcelona e também aparece constantemente como opção para reforçar o setor de criação do meio de campo. Garantia de tranquilidade absoluta para o comandante na função de lateral-direito.

No entanto, duvidou-se que seria assim após a Copa de 2006. Na Alemanha, Cafu encerrou um ciclo de quatro Mundias consecutivos – três como titular.

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O capitão do penta ostenta as marcas de recordista do país em jogos de Copa (20) e também de partidas oficiais pela seleção (148). Marcas que poderiam virar um fardo nos ombros dos sucessores.

Durante o reinado de Cafu, até 2006, ninguém se aproximava do veterano. Belleti, Cicinho, o próprio Maicon, Zé Maria e Evanílson nunca conseguiram fazer nem sombra.

"Que bom hoje em dia não ouvir mais ninguém dizer que não há laterais-direitos para substituir o Cafu", celebrou Maicon, durante a preparação para o torneio da Fifa.

Do lado oposto do gramado, situação adversa. Por mais que Michel Bastos tenha conseguido chegar ao continente africano como dono da camisa 6, não há quem ouse dizer que ele é o substituto de Roberto Carlos – outro que possui no currículo os três últimos Mundiais como titular.

Para definir quem iria trazer para a disputa, Dunga apelou a atletas que vêm atuando como meias em suas equipes. Casos de Bastos, no Lyon, e Gilberto, no Cruzeiro.

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No entanto, dentro de campo, tal desconfiança na faixa canhota do gramado não se refletiu nas estatísticas do triunfo diante dos norte-coreanos. Segundo a Fifa, Maicon foi acionado 86 vezes no duelo e Michel Bastos 87.