Entrevista
Kleberson, Meia paranaense convocado para a Copa da África.
Tudo indicava que você seria convocado, até que virou reserva no Flamengo. Chegou a temer não ir à Copa?
Nem fale. Voltei para o Brasil [em 2007] com essa intenção. Sabia que esse ano seria diferente e de repente fiquei fora do time. Mas sempre confiei no meu trabalho. Sabia que teria de aproveitar as poucas chances.
Trajetória semelhante com a de 2002, quando também se garantiu no grupo perto do Mundial e terminou campeão...
Eu não sei se pode acontecer de novo, mas vou me esforçar muito. Estou mais experiente desta vez. O Brasil sabe que pode contar com o Kleberson para o que precisar.
A seleção caiu em um grupo equilibrado...
É difícil, mas o Brasil é sempre favorito. É ter calma para aliar o futebol técnico à velocidade e alegria.
Em dez dias você volta ao CT do Caju com a seleção. Por aqui sempre se fala no seu retorno ao Atlético. Existe a chance?
É um sonho do Kleberson também. Tenho um carinho muito grande pelo Atlético e um dia vai acontecer, mas não agora.
A convocação de Kleberson para a Copa da África do Sul pode ser dividida em dois atos. No início de março, em Londres, antes de a seleção brasileira enfrentar a Irlanda, no último amistoso pré-Mundial, o paranaense de Uraí (região Norte) foi chamado para uma reunião no luxuoso hotel no qual o time costuma se concentrar na capital inglesa.
Ao lado dos outros 21 atletas que participaram da vitória do Brasil por 2 a 0, ouviu do técnico Dunga a promessa de aquele grupo estava praticamente garantido no Mundial. Praticamente porque o treinador havia deixado em aberto a possibilidade de fazer uma "mudança de última hora" se necessário.
As palavras do comandante, de certa forma, acalmaram o meio-campista, revelado pelo Atlético depois de passar pelas categorias de base do PSTC, de Londrina. A tranquilidade de Kleberson, porém, ruiu na volta ao Flamengo. O sofrimento para avançar na Libertadores e a perda do título estadual para o Botafogo custaram ao técnico Andrade o emprego. E ao Xaropinho (apelido dos tempos de Baixada) a titularidade. O ostracismo às vésperas da convocação final sepultava as chances de o jogador disputar a segunda Copa foi um dos destaques no time de Luiz Felipe Scolari campeão em 2002 no Japão e na Coreia do Sul.
Não por acaso, esperou a lista ontem com uma bíblia nas mãos. "Estava em casa, no meu quarto, abraçado com a minha esposa e uma bíblia. Estávamos esperando muito por isso. Assim que saiu o nome, nos abraçamos e choramos muito", contou Kleberson.
Fez diferença o trabalho nos bastidores do Flamengo. Um dia antes de o Rubro-Negro carioca derrotar o Corinthians pela Libertadores (1 a 0, no dia 28/4), Marcos Antônio e Silva, sogro, empresário e sócio do atleta, pegou o primeiro avião rumo ao Rio de Janeiro. Foi direto à Gávea para se reunir com Rogério Lourenço, novo técnico do Fla, e outros integrantes da direção de futebol. "Queria saber qual o motivo de ele nem ter sido relacionado para o banco de reservas", revelou Silva. "Aquilo deixou o Kleberson muito sentido, descontente. Ele só falava: meu projeto foi por água abaixo, meu projeto foi por água abaixo", emendou.
O jogador também partiu para a pressão. "Não tenha dúvida de que o Kleberson tinha mais expectativa do que qualquer outro. Ele teve um estresse com o Rogério, fruto desse momento de ansiedade", contou Paulo Ribeiro, psicólogo do Flamengo, em entrevista ao globo.com.
Virada
Na semana seguinte, o nome do meia reapareceu entre os relacionados para a partida da volta, em São Paulo. Ao entrar no segundo tempo e mudar o panorama, sendo decisivo na classificação, retomou a esperança de ir à África.
Sensação que virou realidade ontem. Fiel, Dunga trocou apenas uma peça em relação ao grupo da reunião na Inglaterra: Adriano, cortado por indisciplina, deu lugar a Grafite que também estava lá, substituindo o lesionado Luís Fabiano. "O Kleberson é pé-quente. Em 2002 foi assim também. Se garantiu no final e acabou campeão. Quem sabe a história não se repete", confia Silva.
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