Policial armado faz a segurança do jogo entre Zimbábue e Brasil, ontem, no novíssimo estádio de Harare. O líder Mugabe teme ser assassinado em eventos públicos| Foto: Albari Rosa/ Gazeta do Povo – enviado especial
O presidente Robert Mugabe desfila com a bandeira do Zimbábue antes do jogo
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Zimbábue 0 X 3 Brasil

Quem pagava o caríssimo ingresso de US$ 10 (para os padrões lo­­cais) e passava o portão do Estádio Nacional de Harare, logo recebia dois cartazes: Thank You Samba Boys (obrigado garotos do samba), dizia o primeiro; Warriors Won Own The World Cup (guerreiros, como a seleção zimbabuana é chamada, venceram a própria Copa do Mundo), es­­tampava o segundo.

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A alegria do Zimbábue em re­­ce­­ber a seleção brasileira na preparação para o Mundial passava da histeria para a incredulidade. Obedientes às ordens de segurança, os torcedores locais não foram em volume tão grande à concentração do time de Dunga. Mas, no palco da partida, o clima foi de lou­­cura.

Os 3 a 0 contra – gols de Michel Bastos, Robinho e Elano – pouco representaram para os donos da casa. O que valia era a simples presença dos pentacampeões.

"Não acredito que vi o real Ka­­ká. Só o assisto na televisão. Não é possível que ele esteja no meu país", vibrava o orgulhoso Tendai Drengai, um dos muitos que assediaram até a chegada dos jornalistas brasileiros ao estádio com os gritos alucinados de "Zimbábue" e depois "Kaká".

Nem mesmo a diferença técnica entre as seleções e a preguiça que tomou conta do gramado após os visitantes marcarem desanimaram o público. A vibração era ta­­manha que muitos nem perceberam que o goleiro Júlio César saiu com dores lombares após uma dividida aos 25 da etapa inicial. Os médicos da seleção não deram entrevistas, mas a informação re­­passada pela assessoria de imprensa é que a substituição foi por precaução.

"Infelizmente entrei no lugar de um colega por contusão. Mas não deve ser nada. Não foi um problema grave", adiantou Gomes, o camisa 12, autor de duas importantes defesas.

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Outro problema médico do ti­­me de Dunga foi o zagueiro Juan. O jogador foi ao Zimbábue, mas nem colocou o uniforme de jogo. Thiago Silva formou a defesa com Lúcio. "Senti um desconforto na coxa esquerda no treino de terça. Achamos melhor não arriscar", afirmou o defensor.

Já Kaká, o camisa 10 do Brasil e principal referência dos torcedores locais, atuou pela primeira vez após se recuperar de um problema na coxa esquerda. Ficou 45 minutos em campo e foi discreto. Nada, porém, que tirasse o ânimo dos fãs.

A novíssima praça esportiva de Harare, muito bem organizada, não apaga os traços marcantes da África na área de circulação ao re­­dor. Em uma espécie de bancada de ambulantes, o cheiro é insupor­­tável.

Absolutamente tudo que se come na região é frito. Desde batatas, até pequenos animais. Nas ar­­­­quibancadas, o comportamento dos fãs lembra os da vizinha África do Sul. A estridente vuvuzela está por todos os cantos. As danças e cantos tribais também.

"Não acreditem no que falam do Zimbábue. Somos um país pacífico e alegre. Estamos muitos felizes em receber o Brasil", disse o torcedor Tatenda Masimura.

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Confira a ficha técnica do jogo Zimbábue 0 X 3 Brasil:

Em Harare

Zimbábue

Sibanda; Mapemba, Markonese (Zwevse), Djambo (Nyoni) e Mwanjali; Nengomasha, Rambanepasi (Alumenda), Karuru (Nkhata) e Knowleouse; Benjani (Mushekwi) e Antipas.

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Técnico: Norman Mapeza.

Brasil

Júlio César (Gomes); Maicon (Daniel Alves), Lúcio (Luisão), Thiago Silva e Michel Bastos; Gilberto Silva, Felipe Melo, Elano e Kaká (Júlio Baptista); Robinho (Nilmar) e Luís Fabiano (Grafite).

Técnico: Dunga.

Estádio: Nacional de Harare. Gols: Michel Bastos (B), aos 41/1º, e Robinho (B), aos 43/1º; Elano (B), aos 11/2º. Árbitro: Abdul Basit Ebrahim (Fifa-África do Sul). Renda e público: não divulgados.

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