A seleção se despede hoje de Curitiba deixando uma impressão positiva à torcida local. A irritação inicial com o técnico Dunga que blindou o grupo para não repetir os erros de 2006, quando torcedores invadiram os treinos na cidade suíça de Weggis deu lugar a uma súbita simpatia dos populares à equipe.
Motivo: a atitude do treinador em abrir o portão do centro de treinamentos do Atlético para os fãs na segunda-feira, ontem pela manhã e, principalmente, pelo gesto dos jogadores de ir até a torcida ao final do treinamento físico da tarde, o último na capital paranaense.
Segundo o diretor de comunicação da CBF, Rodrigo Paiva, a pedido do próprio Dunga a atividade final seria aberta novamente ao público. Entretanto, o grande número de pessoas que se aglomerou em frente ao CT do Caju foi muito maior do que nos dias anteriores. A estimativa era de que aproximadamente 2 mil fãs estavam em frente ao local. "Con-sultamos a polícia, que nos disse que se liberássemos a entrada não haveria como garantir a segurança", comentou Paiva.
O comandante do Policiamento na Capital, coronel Jorge Costa Filho, confirma ter recebido uma ligação da CBF solicitando reforço do contingente. "A gente não sabia se o reforço era para ajudar o pessoal a entrar no CT ou para impedir a entrada", disse o coronel. Segundo Costa Filho, em nenhum dia a CBF enviou programação de treinos com torcida para que a PM pudesse fazer um planejamento adequado.
Para não deixar a multidão descontente, por volta das 17h20 os jogadores decidiram saudar quem foi barrado, minutos após o término do trabalho no campo. No trajeto, foram escoltados por PMs, que os orientavam a não se aproximar tanto, temendo o risco de tumulto. Mesmo assim, Kaká tomou a iniciativa de furar a proteção e ir cumprimentar os torcedores pessoalmente. Acabou seguido por Robinho, Gilberto Silva e Elano.
"Foi demais ver o Kaká pedindo para o policial para chegar mais perto da gente. Essa atitude só demonstrou o comprometimento dele com o povo", comentou o auxiliar administrativo Rafael Biano, 23 anos, cumprimentado por Kaká e Robinho.
Outra que não escondia a felicidade com os jogadores era a auxiliar de produção Vera Lúcia de Freitas, 49 anos. "Nunca vou me esquecer desse dia. Peguei na mão do Robinho", comemorava. A torcedora contou que quando o segurança da CBF anunciou que o jogadores iriam até o portão, a alegria foi geral.
"O povo entendeu a situação. Era muita gente para entrar, muito perigoso. Tanto que a gente mesmo pediu para o pessoal parar de xingar o Dunga", falou Vera, numa situação muito diferente de domingo, quando a torcida xingou o treinador por não poder ver o treino.
Já o engenheiro José Raimundo Dias Neto, 48 anos, chegou tarde ao CT e pouco pôde ver dos jogadores. Mesmo assim, diz ter gostado do posicionamento deles. "Estão saindo da cidade com uma boa imagem. Seria muito triste se o povo não tivesse contato com eles", resumiu, visivelmente orgulhoso da seleção.
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