Aprovação desafia tabu histórico
Aprovada, mesmo sem louvor, a seleção brasileira de 2010 tentará justificar o seu favoritismo na África do Sul. Uma supremacia que sucumbiu em outras ocasiões. Da mesma forma que times desacreditados reverteram a confiança em títulos mundiais.
Nas duas últimas Copas, dois exemplos distintos. Com todos os seus astros convocados, a badalada seleção de 2006 desandou na Alemanha. Em 2002, o popular Felipão não escapou das cobranças pela não convocação de Romário. Mas, mesmo pressionado, valorizou a família Scolari em detrimento do ídolo e garantiu o penta.
Até o unânime time de 70 sofreu com o receio dos torcedores do México. "Ninguém acreditava na seleção brasileira, pelo resultado de 66 e pelo grupo que pegamos. A nossa chave era Inglaterra, atual (na época) campeã do mundo; a Tchecoslováquia, campeã da Europa; e a Romênia, que era a sensação do futebol naquela época. O pessoal achava que o Brasil não iria passar nem pela primeira fase", relembra Rivelino.
Felipe Melo recorreu nesta semana aos números para provar o favoritismo da atual seleção apesar da falta de encanto do futebol apresentado.
"Fizemos as Eliminatórias de forma perfeita, ficando em primeiro lugar. Vencemos a Argentina lá, o que é muito difícil, e também o Uruguai. Ainda conquistamos a Copa das Con-federações. Então, acho que o momento não é de críticas, mas sim de união", citou, usando outras seleções como exemplo.
"Em 1982, o Brasil tinha uma grande seleção, mas não ganhou. Em 1994, o time saiu daqui totalmente desacreditado e venceu. O que importa é o resultado", defendeu.
Além da estrutura e da reclusão garantidas pelo CT do Caju, Dunga encontrou em Curitiba um refúgio de aprovação. O treinador deu a largada na preparação para a Copa da África do Sul, onde a avaliação positiva do seu desempenho supera a média nacional. Um levantamento divulgado pelo instituto Paraná Pesquisas mostra que 65,5% dos curitibanos consideram o trabalho do comandante brasileiro bom ou ótimo.No mês passado, o capitão do tetra desfrutava de 57% de aprovação de acordo com o levantamento do Datafolha, feito em todo o país.A popularidade se mostra ainda mais expressiva na capital paranaense por um cruzamento de dados: o crédito do treinador apesar da rejeição maciça à sua lista de convocados para ao Mundial, divulgada no dia 11.
Dos ouvidos, 60,7% consideram o técnico como o ideal para a equipe brasileira, sendo que apenas 21,5% pensam o contrário. As escolhas de Dunga, entretanto, foram reprovadas. Apenas 33% dos curitibanos acham que ele chamou os melhores atletas do país para buscar o hexacampeonato.A ausência mais sentida foi a de Ronaldinho Gaúcho. Dos 67% de entrevistados que discordaram da lista do treinador, 30,2% citaram o jogador como a maior baixa da seleção. Paulo Henrique Ganso ficou em segundo, com 27,5%, e Neymar em terceiro, com 24,5%.
"Me chamou a atenção o apelo do Ronaldinho. Talvez por ser mais famoso. A torcida não se conformou com as ausências e a lista de convocados desagradou", disse o presidente do Paraná Pesquisas, Murilo Hidalgo de Oliveira.
O levantamento, exclusivo para a Gazeta do Povo, foi realizado às vésperas do desembarque da seleção na capital paranaense, durante os dias 19 e 20, e ouviu 400 torcedores e simpatizantes maiores de 16 anos. O grau de confiabilidade da amostragem é de 95%, para uma margem de erro de 5%.
A confiança na seleção brasileira é grande em Curitiba: 61,7% acham que a equipe voltará da África do Sul com a taça na mão. Última campeã mundial, a Itália é apontada como favorita por 13,5% dos que desconfiam do escrete verde e amarelo. A Espanha foi citada por 6,2% das pessoas ouvidas e a Argentina por 5,2%.
"Apesar de não acreditar no título argentino, o time é apontado como o principal adversário do Brasil por 24,2% dos entrevistados. Provavelmente pela rivalidade", comentou Oliveira.
O maior candidato a estrela da Copa é brasileiro. Principal referência técnica da seleção, Kaká é apontado por 39% dos entrevistados como jogador que mais se destacará na África do Sul. Carga reforçada pela ausência de atletas consagrados como Ronaldinho e Adriano ou a dupla sensação do Santos, Neymar e Ganso.
Melhor do mundo em 2009, o argentino Messi vem em segundo, com 31,2% de chance de estender para a seleção argentina o talento mostrado no Barcelona. O terceiro lugar é de Cristiano Ronaldo. O adversário português do Brasil na rodada final da fase de grupos é citado como favorito a craque por 15,2% dos entrevistados.
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