África do Sul, 2 de julho de 2010, 17h48 da tarde. Local, dia e horário do fim da segunda "Era Dunga" na seleção brasileira. A derrota por 2 a 1 para a Holanda nesta sexta-feira (2) colocou ponto final na trajetória do técnico no comando do time mais famoso do mundo.
Jogador de sucesso e campeão mundial em 1994, o ex-treinador da equipe nacional terá de conviver com o mesmo volume de críticas que carregou após o fracasso na Copa de 1990, na Itália. Na época, a primeira "Era Dunga" ficou marcada pelo futebol feio e pela derrota. Como atleta deu a volta por cima, mas como técnico tem um caminho incerto pela frente.
Futuro que não diz mais respeito aos seguidores da camisa amarela. Apesar do apoio maciço da população mesmo com as escolhas e polêmicas, o comandante agora surge como principal vilão da derrota."Todos temos culpa. Mas eu sou o comandante da seleção brasileira e tenho uma culpa maior", reconhece. "Todo mundo sabe que vim para a seleção para ficar apenas quatro anos", despede-se.
A responsabilidade maior pela eliminação compete mesmo a ele. Afinal, foi do técnico a opção pelos jogadores comprometidos e ajuizados ao invés dos talentosos. Ao olhar para o banco de reservas, não via quase nenhuma opção para tentar mudar o jogo após a virada dos holandeses.
Com Grafites, Júlios Baptistas e Josués ao seu lado, deve ter se lembrado que poderia ter Gansos, Neymares e Ronaldinhos para imaginar uma reação. Como não tinha, ficou atônito à beira do gramado vendo sua formação ruir com um jogador a menos (Felipe Melo havia sido expulso).
"Com a menos em campo fica difícil. Não iria adiantar uma substituição faltando cinco ou dez minutos. O jogador leva um tempo para entrar na dinâmica do jogo", afirmou, na sua entrevista coletiva que durou apenas oito minutos no estádio Nelson Mandela Bay.
Comprometimento e orgulho de servir à seleção podem não ser o suficiente para ganhar uma Copa do Mundo. Mas para Dunga, já é algo que o satisfaz. Tanto que desde o dia que começou a preparação no CT do Caju (21 de maio), a comissão técnica usou tais adjetivos como o principal pilar do trabalho. E ontem continuou usando.
"Se vocês (jornalistas) vissem como está o vestiário, poderiam entender melhor. Sinto orgulho por ter estado à frente desse grupo. Ter resgatado essa vontade de jogar pelo Brasil", avalia.
Se essa foi sua vitória, realmente sai por cima. Nos 43 dias em que a seleção ficou reunida, ninguém reclamou, não houve contestação e o unido grupo estava na mão.Estava tudo tão sob controle que a única desobediência, causada por Robinho deu uma entrevista exclusiva no único dia de folga da equipe na África, em 8 de junho já causou cobrança e desculpas do atacante a todo o elenco.
Encastelada dentro do hotel pela filosofia do técnico, a seleção brasileira caiu junto com as ideias de seu chefe. Mesmo tendo mudado tudo que considerava errado na gestão anterior, parou nas mesmas quartas de final de 2006. Ou seja, fracassou em uma derrota que vai ficar marcada como a derrota de Dunga.
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