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Levado para a seleção brasileira pelo técnico Dunga, o volante Felipe Melo tem um retrospecto invejável com a camisa do Brasil. Disputou 16 partidas, ganhou 15 e empatou uma. Assim, virou titular e nome certo no grupo que disputará a Copa do Mundo na África do Sul. De Turim, onde vive - defende a Juventus no futebol italiano - ele deu entrevista sobre sua carreira e sobre as críticas que tem recebido ultimamente.

A Juventus pagou 25 milhões de euros pelo seu futebol. Você vale tudo isso?

Felipe Melo - Por tudo o que fiz, pela regularidade, acho que esse valor foi muito bem pago. O momento do time é difícil, mas o problema não sou eu. Sou um dos maiores ladrões de bola do Campeonato Italiano e ano passado bati o recorde. Quando fiquei seis jogos fora, o time perdeu cinco. Estou trabalhando para valer mais do que isso.

Por falar em números, você tem 16 partidas, com 15 vitórias e um empate na seleção.

Felipe Melo - Sim, é muito gratificante. O empate que tive foi no Equador, na altitude. É muito complicado jogar lá. Se vier uma convocação para a Copa e eu mantiver essa média, vamos ser campeões do mundo.

Como foi seu começo de carreira no Flamengo?

Felipe Melo - Na verdade, eu era um meia mais ofensivo. Nas categorias de base fui até centroavante. Como fazia gol contra todo mundo, o Carlinhos me colocou na frente. Depois, já no profissional, o Zagallo me botou no meio. Cheguei até a ser convocado para a seleção Sub-20, que tinha também o Carlos Alberto, o Dagoberto, o Dudu Cearense, o André Bahia...

Você participou daquele Cruzeiro de 2003, que ganhou tudo. Como foi o contato com o Luxemburgo?

Felipe Melo - Eu saí do Flamengo porque não me pagavam. E tive um ano de glória em Minas. Costumo dizer que quatro técnicos foram essenciais para o meu crescimento, mas um deles se destaca: o Vanderlei. Eu era deslumbrado com as coisas e ele me colocou no lugar, puxou minha orelha quando tinha de puxar. Se estou na seleção, ele tem uma parcela disso. Outros que não posso deixar de citar são o Unai Emery, que me treinou no Almería, o Cesare Prandelli, na Fiorentina, e o Dunga, que deu a cara para bater e me convocou.

Quando você foi para a Europa, passou primeiramente por clubes pequenos da Espanha. Como foi isso?

Felipe Melo - Depois do Cruzeiro, fiquei alguns meses no Grêmio. Aí fui para o Mallorca, foi duro, mas fui bem. Consegui uma venda para o Racing Santander, aprendi e sofri bastante. O treinador me colocou de ponta esquerda e isso me deixou frustrado, porque não rendia o máximo. Chegava em casa triste e a família me ajudou muito. Já no Almería, tudo mudou e fui eleito o melhor meio-campista do Espanhol junto com o Xavi.

Você já declarou que teve muitos problemas dentro e fora de campo. Que tipo de problemas?

Felipe Melo - Dentro de campo os problemas que tive foram por falta de maturidade. Fui profissional muito cedo no Flamengo, numa época que tinha muitas feras no clube. Se me mandavam ficar quieto, batia de frente. Já fora de campo, eu fazia coisas de adolescente, como brigar no colégio. Mas nunca tive problemas com bebidas e noitadas.

O volante, às vezes, é o jogador que não aparece para a torcida. Você já se acostumou a isso?

Felipe Melo - Nenhum time ganha sem ter um volante, ou até dois. Se for uma equipe só de atacantes, como vão defender? O torcedor vive de emoção, pede jogador do seu time. Mas na seleção existem profissionais de competência para escalar.

Ajuda atuar na mesma posição do Dunga?

Felipe Melo - A gente conversa sempre, é um camarada que dominou essa posição por vários anos e passa experiência para a gente. Quando fala eu escuto, porque sei que venceu nessa posição. Acho que sou um pouco mais ofensivo, mas ele era melhor taticamente.

Como você lida com as críticas?

Felipe Melo - A crítica construtiva eu escuto e tento aprender. Ano passado, na Fiorentina, tomei muitos cartões e aquilo atrapalhou o time. Fui criticado e melhorei. Mas outras, como aquele prêmio Bidone d'Oro (algo como "o perna de pau do campeonato"), soou como uma piada para a gente aqui em casa. Fui o melhor meio-campista da Copa das Confederações. O pessoal que me criticou agora vê que cheguei na seleção e não perdi. Tiveram de ficar quietos.

Como está sua expectativa para a lista final de Dunga?

Felipe Melo - Mesmo sabendo que tudo indicava que poderia ser chamado para os amistosos, ficava numa angústia danada. Agora não é diferente, até conversei com meu pai sobre isso. Estou ansioso para caramba, a lista sai só no dia 11 e parece que o tempo não passa.

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