Mãe festeira
A comerciante Sílvia Regina Camilo, de 45 anos, era uma das fantasiadas que se destacavam na Boca Maldita. Com óculos gigantes e muita animação, ela deixou o marido e os dois filhos em casa. "Eles não querem fazer bagunça. Só a mãe que é louca", brincou.
Pela primeira vez assistindo um jogo da seleção na XV, Sílvia definiu de forma simples o motivo que a fez ir ao local. "É o único lugar que pode tocar vuvuzela sem incomodar ninguém", argumentou, complementando. "O meu marido não suporta." (RM)
A vitória brasileira sobre o Chile, pelas oitavas de final da Copa do Mundo, teve um público recorde no calçadão da XV de Novembro, na Boca Maldita. Segundo a Polícia Militar, 18 mil torcedores estiveram assistindo o confronto no telão. A expectativa é que este volume de pessoas cresça ainda mais conforme a seleção se aproxime da final.
Mesmo com este número de torcedores, o único incidente ocorreu com um aspirante do Exercito. O rapaz, que não teve o seu nome divulgado, sofreu cortes na mão e no torax ao se acidentar soltando um rojão. Ele foi encaminhado ao Hospital Evangélico.
Festa de cores
Fora isto, o que se viu foi muita vibração, barulhos de cornetas e "tipos" diferentes e coloridos. Um deles foi o administrador Jafet da Silva Pereira, de 28 anos. Com uma peruca verde e amarela, ele garante que chamou a atenção desde que saiu de casa, no Alto Boqueirão. "O pessoal é meio tímido. Mas de vez em quando aparece alguém que quer tirar uma foto", afirmou.
Com o começo do jogo, após a apreensão inicial, muita comemoração com os gols de Juan e Luís Fabiano. Até quem estava apenas visitando a cidade aproveitou para fazer festa. Foi o caso do casal Renata dos Anjos e Marco de Melo, de São José dos Campos-SP. O detalhe é que eles levaram o filho Cauã, de apenas um ano, para o meio da barulheira. "Ele se diverte com as cornetas", garantiu a mãe.
No segundo tempo o ânimo diminuiu. Entre a multidão, destacava-se uma mãe com sua filha, as duas com chapéus lembrando a seleção. Sem conseguir assistir ao jogo, as duas ficaram sentadas na frente de uma loja fechada. Para a surpresa de todos, a jardineira Dirlei Carvalho, de 34 anos, disse que estar ali não representava cansaço, mas sim superstição.
"Eu tenho medo de acompanhar e perder. Por isso não vejo", garantiu a moradora de Rio Branco do Sul, contagiando a filha Helen, de nove anos, que tem a mesma opinião. Segundo Dirlei, o interessante ali era a multidão. "Eu venho aqui ver o pessoal curtir. Lá onde eu moro não tem este fervo", explicou. Por enquanto está funcionando.
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