CT do Caju
Dunga tem o apoio dos funcionários
Atualmente, talvez a cozinha atleticana seja a única onde Dunga tenha a certeza absoluta de que a sua comida estará a "contento". Ao contrário, se depender da auxiliar Adriana Souza, o melhor pedaço do bife vai para o técnico da seleção.
A mulher é maluca por Dunga. Acha o comandante brasileiro bonito e competentíssimo. Além disso, para ela o treinador quebra um dos piores estigmas masculinos na ótica feminina: a falta de sinceridade.
"Acho ele maravilhoso e lindo. Ao contrário do que dizem ele é muito simpático. Nas entrevistas da para perceber que fala a verdade. É sincero, fala o que pensa."
Com tanta admiração, não há Júlio Baptista ou Josué que estremeça a idolatria que a auxiliar de cozinha tem pelo ex-camisa 8 do tetra. E quem disser o contrário que se cuide com a fã.
"O Dunga sabe muito bem o que está fazendo. Não adianta o seu Ronaldinho e o seu Adriano ficarem reclamando. Eles não iriam fazer nada de bom para a seleção."
E Dunga que se cuide com Adriana. Ele será uma dos 18 funcionários da cozinha que permanecerão no CT.
"Filé mignon dourado no azeite de oliva, envolto com pasta de shitake e patê de fígado enrolado em massa folhada. Levar ao forno até deixar essa espécie de rocambole no ponto." Mestre Paulão, chef atleticano, tentará ser um dos primeiros cozinheiros industriais a fazer o refinado Filé à Wellington em larga escala.
O esforço vale a pena, afinal será a primeira vez que ele cozinhará para um público tão distinto como o elenco formado por Dunga, Kaká, Robinho, Luís Fabiano e Cia. A ansiedade dele é tanta que, se a receita acima for rejeitada, Paulão já tem no mínimo outras cinco para apresentar à nutricionista da seleção. Entre elas, matambre recheado, codorna desossada e contrafilé à Piquet outras de suas especialidades.
"Na certa vão pedir para que eu faça algo", imagina o cozinheiro, com três anos de casa e uma única preocupação: Kaká. Não que Paulo Sérgio Barbosa, 47 anos, queira agradar mais um jogador do que outro, pelo contrário. O medo é que o meia brasileiro tenha, digamos, "certas frescuras". "O Kaká parece ser o mais filhinho da mamãe. Acho que se alguém reclamar vai ser ele", brinca.
A alegria parece ser natural do chef, mas com certeza foi realçada pois ele é um dos poucos funcionários do Rubro-Negro que não têm dúvida sobre sua permanência no CT do Caju na estada da seleção em Curitiba. Só ele sabe pilotar a incrementada cozinha que, entre outras coisas, consegue fritar ovos ou batatas no forno.
Mas enquanto Paulo Sérgio Barbosa, de 47 anos, se prepara para realizar os sonhos de boa parte dos brasileiros, o restante das cerca de 200 pessoas que trabalham e moram no centro de treinamento só ficaria sabendo ontem qual destino tomaria. "Ficar ou sair?", eis a questão.
"Ainda não sabemos de nada, mas quem não quer ficar? Isso é uma vez na vida", afirma o fisioterapeuta Márcio Ravazzani. "Mas se ficar, prefiro não atender ninguém, só conhecê-los", brinca em sua função, trabalho é quase sinônimo de lesão do paciente.
Se para Márcio estar no CT nos 5 dias em que a seleção fará de Curitiba sua casa seria como ganhar uma rifa, para os garotos das categorias de base, parece que os bilhetes já foram todos sorteados. E não houve vencedor no grupo.
O goleiro Hugo Gumiero, de 17 anos, era o exemplo da decepção. Mesmo sem a tal reunião acontecer, ele já sabia que teria férias no período.
"Vou voltar para São Paulo dia 20 e volto depois. Todos [os garotos] terão de fazer o mesmo. Estávamos na expectativa, mas depois que nos falaram isso perdemos a esperança", afirmou o arqueiro. Já que ele não correrá risco de encontrar Dunga pessoalmente, arriscou um palpite. "Olha, sou fã do Júlio César. O Gomes fez um bom campeonato inglês. Mas o Doni nem jogou. Quem merecia ir era o Vítor."
A matéria acabaria por aqui se, no exato momento em que ela estava sendo escrita o tal Filé à Wellington não houvesse voltado à tona. Por que logo ele, tão complicado? Em uma busca rápida, talvez a explicação que Paulão omitiu.
O prato foi criado por Arthur Wellesley (1769-1852), o primeiro duque de Wellington, em Somerset, Inglaterra que, no entanto, é mais conhecido por ser o general britânico que ficou conhecido por derrotar as tropas francesas de Napoleão Bonaparte na Batalha de Waterloo. Tomara que, de alguma maneira, ajude.