Júlio César desconforto não o atrapalha em campo| Foto: Valterci Santos/ Gazeta do Povo – enviado especial

Adaptação exige treinos noturnos

Ontem foi o último dia em que a seleção brasileira treinou em dois períodos (manhã e tarde) até a estreia na Copa do Mundo marcada para terça-feira, contra a Coreia do Norte, no Estádio Ellis Park.

A ordem no time de Dunga é dosar o ritmo da preparação e, inclusive, adaptar os jogadores ao horário do jogo frente aos norte-coreanos (20h30 da África, 15h30 do Brasil). No domingo, na escola Hoerskool Randburg, e na segunda, no reconhecimento do Ellis Park, a equipe treinará à noite. Até mesmo a atividade de ontem já começou mais tarde do que o normal (por volta das 16h30) e terminou com os refletores ligados.

A diferença de temperatura entre o dia e a noite em Johannesburgo é gritante. Com sol, na hora do almoço, os termômetros passam dos 20 graus. Já após às 17 horas, o frio aumenta muito e, diversas vezes, baixa dos 10 graus.

Outra preocupação é o ar seco. A umidade é baixa e as chuvas são raríssimas. Algo incomum na maior parte do Brasil e da Europa – casa da maior parte dos convocados. "Com os treinos e o tempo que estamos aqui nos adaptamos. Complicado foi esse último jogo [na Tanzânia] que estava um calor insuportável", comentou o lateral-direito Daniel Alves, criticando a decisão da CBF de realizar um amistoso preparatório em um local com características diferentes às da África do Sul.

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O goleiro Júlio César vai enfrentar a Coreia do Norte na estreia do Brasil na Copa, terça-feira, no Ellis Park. Mas até dar essa garantia o camisa 1 viveu, ontem, um dia de muita incerteza.

Na saída do treino secreto da manhã, na escola Hoerskool Randburg, o ídolo da In­­ter­­na­­zio­­nale de Milão fez cara feia e levou a mão às costas (em imagem veiculada pela Rede Globo). No amistoso contra o Zimbábue, há nove dias, ele deixou o jogo aos 25 do primeiro tempo com um problema lombar.

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Desde então, nunca fez a mesma atividade que os demais integrantes da se­­leção e, in­­clu­­sive, fi­­cou fora da viagem pa­­ra o teste dian­­te da Tan­­zânia, na segunda-feira pas­­sada. O fato de ne­­nhum mé­­dico e nem o próprio Jú­­lio se manifes­­tarem em al­­gum mo­­mento, au­­men­­tou a dú­­­­vida sobre a real condição do atleta.

Até mesmo os outros bra­­sileiros es­­calados para as entrevistas coletivas foram constantemente questionados sobre o dono da meta canarinho. Ontem, Elano resumiu sua resposta ao dizer que o goleiro saiu mais cedo do treino fechado, mas apenas "para não se arriscar". Já Daniel Alves, deixou suspense no ar.

"Estamos muito tranquilos porque o Gomes e o Doni não deixam nada a desejar ao Júlio no caso de ele não poder jogar", afirmou o destaque do Bar­­celona, aumentando ainda mais o ponto de interrogação. "Mas acho que não terá problema algum", completou, em tempo de evitar maiores especulações.

Até mesmo o diretor de comunicação da CBF, Rodrigo Paiva, irritou-se ao ser seguidamente questionado sobre a situação do goleiro. A imagem do jogador com as mãos nas costas não foi bem digerida. "Então se você está com a mão no bolso quer dizer que tem um problema na virilha?", disse, com irritação, a um repórter.

O mistério sobre a condição física de Júlio César só foi desfeito no fim da tarde. Em um treinamento intenso, com quatro minitimes se revezando em cerca de 40 metros de comprimento do gramado, os chutes fortes para cima dos arqueiros foram constantes. E o titular não decepcionou em momento algum.

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Logo no início do trabalho, uma série de bombas parou em cima do paredão brasileiro. Sem demonstrar receio algum pela fase de recuperação que passa, o campeão da Liga dos Campeões defendeu com desenvoltura po­­tentes arremates de Luís Fa­­biano e Daniel Alves, na se­­quência.

Apenas nos treinamentos de pênaltis e faltas, o dono da camisa 1 ficou de fora. Os reservas Gomes e Doni foram sparring para Elano, Daniel Alves, Júlio Baptista e Michel Bastos. Nada que preocupe, porque ba­­tedores de penalidades co­­mo Luís Fabiano e Kaká também não participaram da atividade.