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Dunga sorri para o amigo Takashi Fukunishi, de quem foi colega no meio de campo do japonês Jubilo Iwata. Oriental, que agora é comentarista da televisão nipônica NHK, levou uma minitura do Mickey Mouse para presentear o filho mais novo do técnico – Matheus, de 3 anos | Valterci Santos/Gazeta do Povo – enviado especial
Dunga sorri para o amigo Takashi Fukunishi, de quem foi colega no meio de campo do japonês Jubilo Iwata. Oriental, que agora é comentarista da televisão nipônica NHK, levou uma minitura do Mickey Mouse para presentear o filho mais novo do técnico – Matheus, de 3 anos| Foto: Valterci Santos/Gazeta do Povo – enviado especial

Daniel deixa cadeira cativa na suplência

Se não fosse a contusão no tornozelo direito de Elano, Daniel Alves completaria hoje a partida de número 36 como reserva da seleção no período Dunga. O versátil lateral-direito do Barcelona é o que mais sentou no banco com o treinador. Diante de Portugal, Alves vai exercer a mesma função em que foi chamado durante a segunda etapa das vitórias sobre Coreia do Norte e Costa do Marfim: atuará no meio, fora de sua posição original. Dificuldade que não chega ao reserva mais caro do planeta. Comprado pelo Barça do Sevilla em 2008 por 30 milhões de euros (cerca de R$ 70 milhões), o camisa 13 só recebe salários menores do que Kaká no atual plantel – são cerca de R$ 17 milhões a cada 365 dias no bolso do baiano. Aos 27 anos, frente ao lusos, pela primeira vez na carreira Daniel Alves inicia um jogo de Copa. Motivo mais do que suficiente para justificar o que representa.

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Os olhos cheios de água, o pedido de desculpas pelos palavrões balbuciados na última coletiva, nenhum ataque contra alguma pergunta e um tom bem mais amistoso do que o tradicional. Nem parece que estamos falando de uma entrevista do técnico Dunga. Mas estamos.

A reação do treinador brasileiro ao destempero após a vitória sobre a Costa do Marfim surpreendeu antes do jogo de hoje, diante de Portugal. Sempre turrão e quase nunca bem humorado, o personagem que tenta levar o Brasil ao hexa mostrou, ontem, um toque de sensibilidade.

Começou no Estádio Princess Magogo, na favela de Kwamashu, quando 33 crianças que perseguiram o ônibus da delegação foram convidadas pelo chefe a entrar nas arquibancadas e assistirem à atividade.

Ainda no campo de treinamento, Dunga avistou de longe o japonês Takashi Fukunishi. Ex-volante e colega do técnico nos tempos de Jubilo Iwata (entre 1995 e 98), o oriental agora é comentarista da televisão nipônica NHK.

Fukunishi, de 34 anos, disputou as Copas de 2002 e 2006. Ele não perdeu a oportunidade ao estar tão perto do velho amigo e levou um presente para o filho mais novo do capitão do tetra – Matheus, de 3 anos, vai receber um boneco miniatura do Mickey Mouse.

"Foi ele [Dunga] quem me ensinou a marcar e a jogar. Devo muito a ele", agradeceu o ex-jogador.

Dívida de gratidão que parece ser um dos sentimentos mais valorizados pelo treinador da seleção. Foi assim ao levar contestados jogadores para a Copa, mesmo que tivesse de ouvir o mundo contra. Ou, ao falar dos pais.

Seu Edelceu Verri e dona Maria, pai e mãe do técnico, vivem um drama em Ijuí, no Rio Grande do Sul. Aos 71 anos, o patriarca da família está internado por causa do mal de Alzhei­­­mer. Dona Maria nem pôde acompanhar direito os primeiros jogos do filho à beira do campo na Copa. Ela está 24 horas por dia ao lado do marido no hospital.

Da África do Sul, Dunga telefona constantemente para ficar informado sobre a situação. Ele convive diariamente com o desafio de conciliar sua dura missão profissional com o drama familiar.

"Não é a primeira vez que meu pai está nessa situação. Para mim é mais uma oportunidade de eu mostrar a ele tudo o que me ensinou. Que para ser homem é preciso ter posição, dignidade, transparência e saber pedir desculpas quando erra", afirmou.

No momento de falar da mãe, o comandante brasileiro foi ainda mais emotivo. Pregando novamente a necessidade do espírito patriótico para servir à equipe nacional, ele uniu-se ao sofrimento da família e quase foi às lágrimas.

"Mais do que sofrer ao lado do meu pai, a minha mãe me deu o maior exemplo: o que estão fazendo com o filho dela... Não é para fazer com um ser humano. Fizeram chacota comigo quando eu disse que ela era professora de História, mas nós temos mesmo de ser patriotas", pediu.

Apesar das manifestações favoráveis ao treinador nas mensagens eletrônicas para jornalistas e nas redes sociais após o episódio dos palavrões de domingo, nem mesmo o imutável Dunga resistiu.

"Quero pedir desculpa ao torcedor brasileiro, pela minha atitude e a forma como me comportei. Porque o torcedor que sempre tem apoiado a seleção brasileira não tem nada a ver com os problemas pessoais meus.Ou com uma ou outra situação. Como brasileiro, como todo torcedor, só quero trabalhar. Só quero que me deixem trabalhar. O torcedor não tem que ouvir desabafo meu, só tem que torcer pela seleção brasileira. Mais uma vez, peço desculpas. Torno a repetir: só quero trabalhar pela seleção e fazer um bom trabalho."

Perdão e humildade estão no dicionário dele.

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