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O atacante Robinho faz pirueta durante treino da seleção brasileira em Johannesburgo: jogador do Santos é um dos remanescentes do fiasco da equipe de Carlos Alberto Parreira na Copa da Alemanha | Valterci Santos/Gazeta do Povo – enviado especial
O atacante Robinho faz pirueta durante treino da seleção brasileira em Johannesburgo: jogador do Santos é um dos remanescentes do fiasco da equipe de Carlos Alberto Parreira na Copa da Alemanha| Foto: Valterci Santos/Gazeta do Povo – enviado especial

Retaliação

Após desentendimento de atletas, Dunga fecha as portas do treino

Os jogadores da seleção brasileira e o técnico Dunga não engoliram o fato de a imprensa ter noticiado um rápido desentendimento entre Daniel Alves e Júlio Baptista no treinamento de sexta-feira. A retaliação foi quase imediata e o treino de ontem, na Hoerskool Randburg, foi totalmente secreto.

O recado para os jornalistas veio através do volante Felipe Melo na entrevista coletiva (na hora do almoço, horário africano). Com um ar de satisfação no rosto, o camisa 5 foi lembrado pela assessoria de imprensa para revelar a informação. "Hoje o treino é fechado", disse o jogador, quase sorrindo.

Anteriormente, Melo já havia dito que noticiar pequenos desentendimentos é uma "palhaçada". Logo no segundo dia da seleção na África do Sul, o atleta da Juventus já não havia gostado de uma pequena rusga que teve com Kaká ter ganhado dimensão no noticiário.

Até a estreia na Copa, terça-feira, contra a Coreia do Norte, a seleção brasileira ainda fará mais dois treinamentos.

Hoje à noite e amanhã no fim da tarde, quando a atividade ocorrerá no gramado do Ellis Park, palco do confronto com os norte-coreanos.

Parte de uma geração marcada pelo fracasso de não conseguir classificar o Brasil para a Olimpíada de Atenas, em 2004, deu a volta por cima para estar na Copa da África do Sul. Essa é a realidade de cinco jogadores do grupo de Dunga.

O goleiro Gomes, o lateral-direito Maicon, o meia Elano e os atacantes Robinho e Nilmar estavam na equipe que deu vexame na seletiva para a edição grega dos Jogos, realizada no Chile, em janeiro daquele ano.

Além do péssimo desempenho em campo, aquele time ficou marcado pela indisciplina fora dele. Durante a competição, uma foto de Robinho baixando a bermuda do meia Diego (hoje da italiana Juventus, mas sem vaga na Copa) em plena concentração brasileira, rodou o mundo como símbolo da falta de compromisso e de seriedade.

Na época, a CBF dizia apostar pesado para conseguir a medalha de ouro olímpica, único título de expressão jamais conquistado pelo futebol brasileiro. Uma comissão técnica específica para o torneio foi montada e os atletas fizeram um cronograma especial de treinos na Granja Comary, em Teresópolis, desde o fim do ano anterior.

Hoje no São Paulo, o treinador Ricardo Gomes e o preparador físico paranaense Carlinhos Neves foram os responsáveis por formar a equipe. No elenco haviam dois jogadores de destaque no futebol do Paraná: o atleticano Dagoberto e o coxa-branca Marcel.

Coincidência ou não, após a derrota que selou a eliminação, para o Paraguai, na última rodada, por 1 a 0, nem os paranaenses, nem vários outros nomes tidos como grandes revelações jamais chegaram às fileiras da seleção principal.

Entre eles, o goleiro Juninho, hoje no Paraná. Ele era o reserva de Gomes. Dos 20 convocados, a metade nunca mais retornou para uma equipe selecionada pela CBF – Adaílton, Edu Dracena, Rodolfo, Fábio Rochemback, Paulinho, Paulo Almeida e Wendel completam o grupo dos descartados.

Sorte de quem conseguiu recuperar-se do fiasco e manteve o trajeto dentro da seleção brasileira. Robinho é o único daquele tempo que chegou já à Copa de 2006. Outros cinco (Alex, Diego, Max­­well, Dudu Cearense e Daniel Carvalho) tiveram chances com Dunga, mas não vingaram com a camisa canarinho.

Dos quatro restantes que estão na África, Nilmar jogou na França, no Corinthians, no Internacional e está no Villareal. Gomes também é destaque no Velho Continente, com atuações na Holanda e na In­­glaterra. Elano já esteve na Ucrâ­­nia, na Inglattrera e hoje joga na Turquia. Enquanto Maicon é um dos principais ídolos da Inter­­nazionale de Milão, campeã europeia.

"Foi uma decepção, porque a gente tinha um grande time e não jogamos as Olimpíadas. Nós pensamos: ‘Será que vamos voltar ao time principal? Será que vamos ter condição depois de não termos nos classificado?’. É claro que tivemos dúvidas, mas todo mundo continuou batalhando e estamos aqui hoje", discursa o lateral-direito titular de Dunga, com um sentimento semelhante a todos que viveram aquela decepção e sacudiram a poeira.

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