Há somente 25 brasileiros no Zimbábue. Alessandra, Viviane – ao lado do marido zimbabuano – e Márcio não perderam a chance de ver a seleção| Foto: Albari Rosa/ Gazeta do Povo – enviado especial

Camisas

A seleção brasileira anunciou ontem a numeração dos jogadores no Mundial sul-africano. Confira:

1. Júlio César2. Maicon3. Lúcio4. Juan5. Felipe Melo6. Michel Bastos7. Elano8. Gilberto Silva9. Luís Fabiano10. Kaká 11. Robinho12. Gomes13. Daniel Alves14. Luisão15. Thiago Silva16. Gilberto17. Josué18. Ramires19. Júlio Baptista20. Kléberson21. Nilmar22. Doni23. Grafite

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Kaká desafia o declínio da 10

Além da desconfiança quanto à sua condição física, o meia-atacante Kaká terá de desafiar uma "seca" pessoal e um tabu do camisa 10 da seleção brasileira. A última vez que um número 10 da seleção marcou em Mundial foi nas quartas de final da Copa de 2002, com o primeiro gol, de Rivaldo, na vitória por 2 a 1 sobre a Inglaterra. Em 2006, com a 10, Ronaldinho, que chegava com status de melhor jogador do mundo, passou os cinco jogos do Mun­­dial em branco. Pior: o meia-atacante chegou àquela Copa com quase um ano de jejum de gols pelo Brasil, tendo marcado pela última vez, até então, na Copa das Confederações de 2005.

Chegar ao Zimbábue é como entrar em um túnel escuro e sem quase nenhuma luz no fim. A capital Harare não tem iluminação pública e perto das 23 horas o trajeto do aeroporto até o hotel precisou ser feito com batedores da polícia nacional por todos os lados. Uns vão trancando as ruas, mas talvez isso nem fosse necessário: não há ninguém para incomodar.

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O país parece viver em um toque de recolher. Somente a re­­gião central da cidade, com hotéis de luxo, postos de gasolina iluminados e algumas poucas pessoas fora de casa revelam uma capital com 2 milhões de habitantes.

A grande maioria dos 14 mi­­lhões de cidadãos do país vive abaixo da linha da pobreza. A moeda nacional, o dólar zimbabuano, está esfacelado pela inflação de quase 900% ao mês e é o tradicional dólar americano que circula.

Para pôr o pé no território da nação que recebe o Brasil, hoje, em amistoso de preparação para a Copa, qualquer pessoa precisa pagar US$ 30 pelo visto. Os 46 jornalistas brasileiros que vieram cobrir a partida ainda tiveram de desembolsar mais US$ 20 para usar um ônibus do governo que os distribuiu pelos hotéis.

Antes disso, logo após pousar na mesma aeronave que a seleção, os profissionais da mídia ficaram trancados por 1h30 aguardando os trâmites da imigração. Pelo menos um porta- voz do governo foi dar as boas-vindas.

Junto a ele, repórteres locais que misturavam admiração e curiosidade. "Nunca tivemos um jogo assim", "Obrigado por trazer a Copa ao Zimbábue" e "Somos tão fãs do Kaká que sabemos mais dele do que vocês", foram algumas das frases ouvidas.

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No saguão do aeroporto, um quadro do presidente Robert Mugabe, no poder há três décadas, mostra quem manda no pedaço. Do lado de fora, na pista de aterrissagem, emparelhada com a bandeira local, um pavilhão da China, aliada número um do país que fica ao norte da África do Sul.

Mesmo governado por um ditador, à primeira vista o povo local parece adorar seu líder. "É o melhor presidente que um país da África poderia ter em todos os tempos", garante o chefe da polícia nacional, Oliver Mandipaka. Suspeito para falar, ele também tem outras respostas duvidosas. "Nosso país é superseguro. Todo esse aparato de segurança é apenas por uma questão de organização."

A mesma organização não é esperada para o Estádio Nacional. O principal jogo da história do país lotará os 60 mil lugares pela primeira vez desde a reinauguração, em março.

"O que dizem nas ruas é que há problemas de estrutura. Aqui, energia elétrica e outras coisas básicas faltam. Os hotéis estão iluminados graças a geradores", diz o paulista Márcio Gagliatto, há três meses trabalhando como consultor de uma ONG no Zimbábue.

Por todo o território, há somente 25 brasileiros, contando o embaixador e seus cinco funcionários. Ao lado de Márcio, a paulista Viviane Moreno, também no país por causa da ONG e casada com um zimbabuano, e a rondoniense Alessandra Magalhães, esposa de um belga que foi para lá a trabalho, seguravam uma bandeira nacional após terem recebido o time de Dunga em frente à concentração.

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Veja a ficha técnica do jogo Zimbábue X Brasil:

Em Harare

Zimbábue

Sibanda; Mapemba, Z. Jambo, Makonese e Noel Kaseke; Karuru, Tarumbwa, Sweswe e Mashego; Benjani e Knowledge.

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Técnico: Norman Mapeza.

Brasil

Júlio César; Maicon, Lúcio, Juan e Michel Bastos; Felipe Melo, Gilberto Silva, Elano e Kaká; Robinho e Luís Fabiano.

Técnico: Dunga.

Estádio: Nacional de Harare. Horário: 10h30 (de Brasília). Árbitro: Abdul Basit Ebrahim (África do Sul).

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