A seleção brasileira fez nesta quinta-feira o que parecia impossível: abafar as vuvuzelas, mesmo que por alguns segundos. Na hora em que os jogadores entraram no gramado do estádio Dobsville, em Soweto, para fazer o treino aberto exigido pela Fifa, um grito crescente tomou conta da arquibancada, superando o som das cornetas.
Afinal, para os moradores do pobre distrito de Johannesburgo, era a oportunidade única de assistir à seleção pentacampeã mundial de perto, mesmo que em um treino. Mais ainda: era a chance de ver Kaká, o preferido da torcida local, e também Robinho.
Os sul-africanos vibraram ainda mais intensamente quando, poucos minutos depois de pisarem no campo, os jogadores foram em direção à arquibancada e retribuíram com acenos. Pelo visto, não precisava nem haver uma bola em campo que a festa seria a mesma.
Porém, apesar de toda a empolgação, o frio e o treino físico e técnico foram, aos poucos, freando o ânimo dos presentes. Ainda que fizessem festa o tempo inteiro, raros foram os que resistiram ao cair da temperatura, e a seleção deixou o gramado por volta de 17h30m (12h30m de Brasília) já num estádio praticamente vazio.
Julio Cesar fica no hotel em tratamento com fisioterapeuta
Sem Julio Cesar, que ficou na concentração do hotel fazendo tratamento com o fisioterapeuta Luiz Rosan (o goleiro levou uma pancada no amistoso contra o Zimbábue, mas não preocupa), a seleção iniciou a atividade com a tradicional roda de bobo. Depois, alguns jogadores, divididos em duplas, tocavam a bola um para o outro, enquanto o restante fazia alongamento e abdominais.
Nem assistir a um enfadonho circuito físico comandado pelo preparador físico Paulo Paixão chegou a desanimar os sul-africanos presentes. Na arquibancada, o som das vuvuzelas predominava, enquanto em alguns setores as pessoas dançavam numa coreografia única.
Mas a empolgação aumentou quando um grupo formado por Elano, Robinho, Luis Fabiano, Felipe Melo, Thiago Silva, Michel Bastos e Gilberto Silva passou a correr em torno do gramado. Crianças e adultos gritavam e pulavam, enquanto alguns faziam reverência aos ídolos, esticando os braços e curvando o tronco. Foram três voltas e a mesma reação do público. Quem deu sorte foi um dos quatro gandulas postados atrás das balizas. Ele foi em direção a Elano e conseguiu um aperto de mão.
O resto dos atletas foi dividido em duas rodas de bobo, enquanto Gomes e Doni treinavam com Wendel Ramalho e Taffarel. Dunga depois realizou um treino técnico com três times de quatro atletas, sendo que duas equipes tinham como objetivo não permitir que o terceiro grupo roubasse a bola. Kaká, depois substituído por Lúcio, era um curinga e jogava sempre com os times com a bola, mas só podia dar um toque nela. Com a monotonia no gramado e o frio cada vez mais intenso, os torcedores foram deixando o estádio.
No fim, o comandante armou um ataque contra a defesa, para alegria dos poucos torcedores que resistiram ao intenso frio. Primeiro, eles se assustaram com um gol perdido por Kleberson, que chutou na trave e, no próprio rebote, mandou para fora com Doni caído. Porém, bastou que a rede sacudisse algumas vezes para que os presentes vibrassem.
Sem pedalada ou show e com a temperatura caindo ainda mais, as arquibancadas ficaram praticamente desertas. Antes que o treinador encerrasse o trabalho, a grande maioria já tinha ido embora. A atividade acabou sem que houvesse um lance bonito para encher os olhos da torcida. Mas, aparentemente, nenhum sul-africano que conseguiu um dos concorridos ingressos deixou o local arrependido, ainda mais depois que os brasileiros foram, pela última vez, agradecer a presença.
Confira as imagens do treino da seleção em Soweto!
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