Nelson Duarte, filho de portugueses, é um dos sócios do clube de golfe que faz tietagem aos jogadores da seleção| Foto: Albari Rosa/Gazeta do Povo - enviado especial

Um clube de golfe com 4 mil sócios e movimento intenso todos os dias. É só por isso que a seleção brasileira não está 100% enclausurada na África do Sul.

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O Randpark Club, tradicional associação de golfistas colada ao Hotel Fairway, impede aos comandados de Dunga de serem intocáveis no país da Copa.

A propriedade vizinha (que fez uma parceria de marketing com o ho­­tel) é a base das entrevistas coletivas dos brasileiros e também sede de muitos veículos de imprensa nacionais.

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A rotina dos associados mudou radicalmente desde a quinta-feira – quando a escrete nacional desembarcou em Johannesburgo.

Mas alguns estão mais preocupados com os tacos, bolinhas e buracos. Nem aí para as mudanças.

Já outros, aguardaram ansiosamente o dia da chegada de Kaká e companhia. O contrato com o grupo que gere as duas propriedades foi assinado em dezembro.

"Foram seis meses contando os dias para os brasileiros chegarem", afirmou o associado Nelson Duarte, um filho de portugueses de 35 anos. Fã de Kaká e Cristiano Ronaldo ele veste casaco do time lusitano e do Brasil por baixo.

Duas vezes por semana, Duarte junta-se aos colegas golfistas e aproveita o campo grudado ao muro da concentração brasileira. Quando visitou o local, em fevereiro, Dunga exigiu a construção de algo que impedisse a visão do campo de golfe para os quartos.

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A solução foi erguer uma espécie de rede, verde-escura e quase sem furos para "embalsamar" o Fairway. "Estou querendo ver o muro que mandei construir", ironizou Dunga, na única entrevista que concedeu na África.

Na entrada do hotel, informação quase nenhuma. "Vá procurar no site", disse um funcionário, sobre o local de hospedagem inaugurado para receber o time.

Apesar do pouco acesso permitido por Dunga, Duarte e seus amigos já se dão por satisfeitos. De muito longe (cerca de 150 metros de distância) observam os jogadores correndo no gramado perfeito do campo e vibram.

"Consegui quatro ingressos para Brasil x Portugal [dia 26, em Durban]. Um banco abriu a venda extra e paguei 1 mil rands (R$ 250) para cada", contou, radiante.

Sorte do herdeiro de lusos da Ilha da Madeira – terra do camisa 7 português – que ele tem a possibilidade de pagar tal preço. A mensalidade do Randpark é de 7.625 rands por ano (R$ 1.906).

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Apesar do estilo de classe média alta, o clube não deixou de tentar ex­­plorar financeiramente a passagem dos visitantes ilustres. As cinco tevês brasileiras transmitem pro­­gramas ao vivo do local. Os cerca de 400 jornalistas do Brasil que estão na África são mais uma fonte de renda.

A hora da internet sem fio no clube dobrou de 10 rands (R$ 2,50) para 20 rands (R$ 5). A sala do fumódromo, mesmo que sempre movimentada, foi alugada por cinco repórteres de jornal por 350 rands (R$ 87,5) por dia.

No local pelo menos há diversas mesas, tomadas para ligar os computadores e um buffet especialmente montado para os jornalistas disponível quase o dia todo por um preço camarada: 80 rands (R$ 20).