Festa com dança típica no Clube Espanhol do Paraná, em Curitiba, para o primeiro título mundial da Fúria| Foto: Daniel Derevecki/ Gazeta do Povo
Colônia holandesa de Carambeí, nos Campos Gerais, lamenta a terceira derrota da Laranja Mecânica em finais de Mundiais

Estava tudo pronto para a festa em Carambeí, cidade dos Campos Gerais com uma das maiores colônias holandesas do estado: famílias e amigos reunidos, bandeiras do país, comidas típicas e vuvuzelas às mãos. Mas o gol do espanhol Iniesta ao final do segundo tempo da prorrogação pôs por terra o sonho dos holandeses e seus descendentes no Brasil de vencer um Mundial. Na terceira final de Copa disputada pela Laranja Mecânica, depois de muito sofrimento, a festa foi dos espanhóis.

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E no meio dos cerca de 250 torcedores vestidos de laranja que se reuniram ontem na Casa da Memória, museu inaugurado em 2001 com acervo da imigração holandesa no Paraná, havia uma voz contrária: a estudante de Direito Marina Cardoso Ramos. Ao invés de acompanhar a amiga Marianne Dykstra, que a convidou para assistir à partida, Marina, que é neta de espanhóis, foi a única a comemorar. "Não imaginava que seria tão difícil", disse a moça ao fim da partida.

Ao apito final, alguns torcedores até aplaudiram o time do técnico Bert van Marwijk, que após desbancar o Brasil nas quartas de final, levou a Holanda à sua terceira final de Copa. A holandesa Marcelle Kerstel, que vive em Curaçao, ilha caribenha das Antilhas Holandesas, está em férias no Brasil e foi a Carambeí apenas para ver a final. "Eu e meu marido adotamos três filhos no Brasil há quatro anos. Só agora estamos voltando a passeio e resolvemos assistir ao jogo", comentou Marcelle, em bom português. Ela ficou decepcionada com o desempenho do time. "Eu esperava muitos gols, mas não aconteceram", disse.

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A apatia do primeiro tempo do jogo foi substituída por muita tensão na segunda etapa na Casa da Memória. Tanto os mais velhos quanto as crianças queriam soltar o grito de campeã. "Eu acho que a Holanda foi muito bem", amenizou a estudante Lorena Greidanus, 14 anos, que ficou responsável por pintar os rostos das crianças com as cores da bandeira holandesa.

Os avós de Lorena vieram da Holanda junto com a leva de imigrantes que povoou o interior do Paraná. Os primeiros holandeses chegaram a Carambeí 1911, depois de uma rápida passagem por Irati. Eles começaram a explorar a agricultura e a pecuária. Em 1925, fundaram a primeira cooperativa e hoje formam a base da economia do município, graças à cadeia do leite.

À alegria de Mariana se juntou a torcida da Fúria em Curitiba. Aproximadamente 150 membros da colônia se reuniram ontem no Clube Espanhol do Paraná, no Prado Velho, para comemorar o primeiro título da equipe.