Militantes somalis islâmicos mataram duas pessoas e detiveram dezenas de outras por violarem uma proibição contra assistir à Copa do Mundo pela televisão, disseram moradores.
Eles disseram que combatentes mascarados do grupo islâmico Hizbul invadiram casas no domingo e na segunda-feira no distrito de Afgol, 30 quilômetros ao sul da capital Mogadício, depois que grupos islamistas linha-dura proibiram os somalis de assistirem ao torneio.
"O grupo Hizbul matou duas pessoas e prendeu mais 35, todos torcedores da Copa do Mundo", disse à Reuters Ali Yasin Gedi, vice-presidente do grupo Elman de direitos humanos nesta terça-feira (15).
"Os islâmicos entraram inesperadamente em casas no distrito de Afgoi e atiraram contra pessoas que tentavam pular por cima do muro para fugir", acrescentou.
O Hizbul e outro grupo, Al Shabaab, que é amplamente vista como um representante da Al Qaeda na região, controlam extensas regiões no país e grande parte da capital.
Os grupos impõem sua própria interpretação rígida do Islã, proibindo esportes, música e dança de forma rotineira.
"O Hizbul bateu inesperadamente em nossas portas. Eles pularam por cima do muro. Era meia-noite e meus dois filhos e outros do bairro estavam assistindo à Copa do Mundo," disse o morador local Ismail Sidow.
Alguns moradores das áreas controladas pelos islâmicos estão assistindo escondidos ao maior evento esportivo do mundo usando antenas parabólicas improvisadas para capturar as transmissões estrangeiras da África do Sul.
"O primeiro gol da Copa do Mundo (marcado) pela África do Sul é em si uma grande coisa -- deveríamos estar muito orgulhosos disso", disse Mohamed Muhidiin Xute, membro da Federação de Futebol da Somália.
A insurgência que já dura três anos no anárquico país do Chifre da África deixou 21 mil pessoas mortas e forçou o deslocamento de 1,5 milhão. Apenas pequenas áreas da capital continuam sob controle do governo apoiado pelo Ocidente e as forças de paz da União Africana.
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