Sul-americanos
Continente repete 1930
Da Redação
Pela segunda vez, a América do Sul coloca quatro seleções entre as oito melhores. Isso só havia acontecido na primeira Copa, em 1930, no Uruguai com o Chile no lugar do Paraguai. Naquela oportunidade, por questões geográficas, 7 dos 13 participantes eram sul-americanos.
Ao atingir a melhor classificação guarani de todos os tempos, o técnico Gerardo Martino espera que o time possa surpreender como coadjuvante. "Em três de quatro jogos, tivemos de ser protagonistas. E não fazemos a bola rodar com tanta eficiência", disse, pensando em usar o contra-ataque no duelo com a favorita Espanha.
O Japão ficou nas oitavas, assim como no Mundial que disputou em casa em conjunto com a Coreia do Sul , em 2002. Na ocasião, perdeu para a semifinalista Turquia por 1 a 0. Mas o zagueiro Nakazawa atingiu uma marca pessoal importante, a de defensor que permaneceu mais tempo sem cometer faltas em Copas: 390 minutos, superando o brasileiro Lúcio por 4 minutos.
O jogo valia uma classificação nunca antes obtida por paraguaios e japoneses em Copas. Quem vencesse ultrapassaria pela primeira vez a fronteira das oitavas para as quartas de final. Mas ninguém balançou a rede. Nem no tempo normal e nem na prorrogação. Castigados pela falta de emoção durante mais de 120 minutos, tiveram uma dose concentrada de adrenalina na decisão por pênaltis. Só então os sul-americanos puderam comemorar.
"Foi difícil, porque o Japão tem bons jogadores. Controlamos a bola como queríamos e conseguimos não levar gol, apesar de nos ter faltado profundidade. Nos pênaltis, tivemos ajuda da sorte. Dedicamos esta vitória a todo o Paraguai, foi uma classificação histórica", comemorou o atacante Cardozo, que havia entrado na prorrogação e teve a responsabilidade de bater o último pênalti.
Um estado de espírito completamente inverso era experimentado pelo lateral-direito japonês Komano. Ele mandou no travessão a terceira cobrança japonesa, única errada em toda a disputa. Inconsolável, teve de ser apoiado na saída de campo.
Ele e vários companheiros choraram. Mas vieram lágrimas até do lado vencedor. O técnico argentino Gerardo "Tata" Martino não se segurou. "Estava muito tenso. Foi uma partida muito difícil. Na hora que acabou, chorei mesmo. É uma forma de desabafar. Passam tantas coisas na cabeça... Por que não fazê-lo?", disse.
Martino exaltou mais o esforço dos jogadores do que a apresentação. "Foi um jogo muito fechado, apesar de termos sido um pouco melhores. Mostramos mais coração que futebol e, para uma partida deste tipo, é suficiente. Para outras, é preciso jogar mais. Em todo caso, isso não desmerece o fato de estarmos entre os oito melhores do mundo", discursou.
Outro argentino, o atacante Lucas Barrios, naturalizado paraguaio para disputar a Copa, também ressaltou o feito histórico. "É uma felicidade poder fazer história com esse grupo. A seleção está muito bem, bastante unida e sei que podemos chegar mais longe."
A melhor campanha do país havia sido a eliminação nas oitavas de final da Copa de 1998. Na ocasião, a fortíssima defesa de Chilavert, Arce e Gamarra só caiu na prorrogação com um gol do francês Blanc na época, o sistema no tempo extra previa a morte súbita.
Do outro lado, o técnico Takeshi Okada exaltou a campanha. Porém assumiu a responsabilidade pelo time ter atacado pouco ontem. "Sinto que deveríamos ter feito mais. Honda jogou muito isolado e reconheço a culpa por isso. Para ganhar, é preciso fazer gols."
O zagueiro brasileiro Túlio Tanaka deixa o Mundial feliz com a decisão de ter se naturalizado. "Tenho muito orgulho de ser japonês e ter feito parte desta campanha. Este time entrou para a história do país e provou como é guerreiro. Devagar, vamos melhorando nossa posição no futebol mundial."
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