Torcedor segura vuvuzela, o símbolo da torcida sul-africana na Copa. Cena registra tristeza com a queda do time| Foto: Albari Rosa/Gazeta do Povo – enviado especial
Minutos após a eliminação, torcedores esqueceram o jogo e caíram na dança

Parecia o último suspiro – ou melhor, sopro – das vuvuzelas sul-africanas.

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O placar, por si só, já era inacreditável: África do Sul 2 a 1 contra a França. Mas na partida paralela, nem a vitória por 1 a 0 do Uruguai sobre o México ajudava. Era preciso, no mínimo, mais quatro gols para que os anfitriões conseguissem a classificação à segunda fase da Copa do Mundo.

Talvez por isso, a falta próxima da área, já esgotados inclusive os acréscimos da partida, tenha feito os torcedores esvaziarem o pulmões à plena força, como uma espécie de despedida, como se fosse a última vez. Não foi.

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A bola pode ter batido na barreira. O apito final marcou a África do Sul como o primeiro país sede a deixar um Mundial tão cedo. Mas nada disso foi motivo para se acabar com a festa antes da hora.

Menos de cinco minutos depois da tristeza, o futebol foi substituído por uma bandeira sul-africana no telão. O som que vinha do Estádio Free State virou música típica. E as expressões de sofrimento, espanto ou surpresa, viraram sorrisos. O Fan Fest, originalmente pensado para reunir torcedores para assistir à Copa, se transformou em pista de dança.

"Eu estou um pouco triste, não vou mentir. Mas aqui o esporte preferido é o rúgbi e o Ba­­fana Bafana empatou com Mé­­xico e venceu a França. Não nos classificamos, mas mesmo assim isso é motivo para comemoração", afirmou Sarah Lidzhade, 43 anos, que estava envolta em uma bandeira de seu país e já indo embora.

Como ela, algumas pessoas to­­mar­­am o rumo de casa mais cedo, em várias partes de Johannesburgo, aos 69 minutos de jogo. Foi o tempo em que a França fez o seu gol em um contra-ataque. Até ali, a esperança se manteve viva, já que o jogo estava 2 a 0 e o time apertava.

"Perdemos muitas chances de gol. Não dá para reclamar. Mas se o Benny McCarthy estivesse, ao menos mais um gol ele faria", disse Lesibana Seleba.

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Ontem, o confronto da seleção sul-africana não teve o mesmo prestígio das duas primeiras partidas dos anfitriões na Copa. Como é costume por aqui, a maioria das pessoas assiste aos jogos em restaurantes e bares, reunidos normalmente em família. Mas o movimento foi bem menor.

As ruas estavam movimentadas, mostrando o descrédito com o time de Parreira. Só mesmo os dois gols do primeiro tempo para transformar os últimos 45 minutos nos mais emocionantes da Copa para os sul-africanos.

"É difícil não ficar triste. Cria­­mos uma expectativa muito grande e ela se transformou em esperança de que fossemos conseguir ir adiante. Mas não deu. Vai fazer o quê? Paciência", dizia, en­­tre lágrimas e um tímido sorriso, Man­­bambi Lelchu­leni.