Keirrison, ex-Coritiba, pode não ter conseguido vaga para jogar no time de Dunga, mas nem por isso deixou de participar da Copa na África do Sul. Normalmente, é fácil encontrá-lo no Estádio Ellis Park, em Johannesburgo, das 10 às 16 horas mas quando tem jogo, fica até mais tarde. E, pode ter certeza, o garoto funciona melhor ali no centro de imprensa do que dentro das quatro linhas.
Na verdade, Lucas Passos Vieira da Costa tem dois anos a mais do que o K9. Mas é só olhar para cima, na foto, que até as espinhas no rosto são parecidas com a do centroavante que tem os direitos federativos vinculados ao Barcelona.
Lucas acaba de se formar em jornalismo e estava sem emprego até ver o anúncio na internet sobre as vagas para voluntariado na Copa. Cresceu os olhos e, como quase todos os companheiros de trabalho, entrou em um caminho sem volta. "Vi o anúncio, me inscrevi e fui selecionado. Daí fiquei sabendo que não receberia quase nada por isso. Mas não tinha mais jeito: vendi o carro e vim", conta.
Nas suas contas, até o dia 23 de julho, se vão cerca de R$ 7 mil. Basicamente, a passagem aérea de São Paulo até Johannesburgo, hospedagem e, às vezes, a refeição da noite. Para não dizer que a Fifa só explora os voluntários, dá 100 rands como diária (R$ 25) e 120 rands de vale alimentação (R$ 30). "Como faço pós-graduação em jornalismo esportivo, no fim isso aqui foi uma oportunidade de ouro. Estou convivendo com vocês e com os jogadores ao mesmo tempo", diz.
Há cerca de 15 mil voluntários trabalhando no Mundial da África do Sul. O número exato de brasileiros é 54. Os sul-africanos, claro, são maioria: quase 90%. Quem vem de outros países normalmente fica em contato com a imprensa, pela facilidade da comunicação. Mas nem todos têm algo em comum com a função que exercem por aqui.
"Eu, por exemplo, trabalho com informática, mas caí na comunicação. Não sei o motivo", diz Jorge Yuri de Lion Yamane. Ele é brasileiro, descendente de franceses e japoneses, mas tem parte do nome em russo por gosto da mãe, mora em Portugal e agora está em Johannesburgo.
No caso dele, a ida à África do Sul foi impulsionada pela possibilidade de ganhar dinheiro. Explica-se: Jorge saiu do Brasil faz pouco mais de dois anos para ficar junto da namorada. Quando ficou sabendo da vaga, imaginou que dava para tirar o pé da lama. Ao conhecer as verdadeiras condições, já havia sido selecionado e estava na pilha. "Daí não tive mais como voltar atrás. Só que, mesmo não ganhando nada, não dá para reclamar. O que estou vivendo aqui é incrível", diz.
No último jogo do Brasil, a Fifa pediu a ele para seguir Kaká na zona mista, anotar as declarações do craque e passar para a internet. Sem acreditar muito no que estava acontecendo, e em situação privilegiada, anotou tudo e serviu até a imprensa. "Isso aí ninguém me tira. É a coisa mais inesperada que me aconteceu aqui. Só por isso já vale a pena", afirma o voluntário. Trabalhando no Soccer City, com Brasil classificado ou não, tem certeza de que vai chegar à final.
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