Lula durante o desembarque na Tanzânia, onde falou sobre a seleção: presidente evita criticar a CBF, mas diz que mudaria a cúpula da entidade a cada oito anos, como fez no Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo| Foto: Ricardo Stuckert/ AFP

O presidente Luiz Inácio Lula da Sil­­va sugeriu ontem que a CBF (Con­­­­federação Brasileira de Fu­­te­­bol) adote o que ele fez quando líder do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo: trocar a sua direção a cada oito anos. Ricardo Teixeira, presidente da entidade que dirige o futebol nacional, está na função desde 1989.

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Em visita a Dar Es Saalam, na Tanzânia, Lula voltou a falar que ficou "deprimido" com a derrota do Brasil e defendeu a renovação na seleção brasileira.

"Eu não posso falar da CBF porque é uma entidade particular e eu não posso votar, não posso dar palpite. Eu acho que se a CBF adotasse o que eu adotei quando era presidente do Sindicato dos Meta­­lúr­­gicos de São Bernardo do Cam­­po [foi eleito pela primeira vez em 1975], a cada oito anos a gente trocava a direção da CBF. No sindicato a gente trocava", disse.

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A afirmação acontece justamente um dia depois de Ricardo Teixeira dizer que a seleção precisa de mais jogadores jovens.

O presidente afirmou que "já perdeu muitas Copas", mas que sofreu muito com a eliminação do Brasil na África do Sul.

"Eu achava que a gente não tinha o melhor time do mundo, mas era um time coeso, um time motivado. Quando a seleção en­­trou em campo, vi na cara daqueles meninos que era a Copa deles, achava que o Robinho ia ser o me­­lhor jogador da Copa e que o Kaká ia se recuperar. Não deu certo."

Teixeira insiste que o time – apenas dentro de campo – seja re­­novado. Mas nas estatísticas poucos atletas conseguiram brilhar em times nacionais sub-20 e, de­­pois, também pela seleção principal. Apenas 25% dos jogadores campeões mundiais em 1994 e 2002 tiveram passagens em seleções juvenis. E mais: deste seleto grupo de atletas convocados para ambas as competições, somente dois conquistaram títulos mundiais nas seleções sub-20 e principal: Kaká e Ronaldinho, em 1999 e 2002, respectivamente.

Enquanto isso, a CBF trabalha com dois nomes para subs­­­­tituir Dunga: Mano Menezes e Felipão, nesta ordem. Um dirige o Corin­­thians. O outro tem tudo apalavra­­do com o Palmeiras: assina assim que o Mundial da África do Sul terminar. Nenhum outro profissional tem o mesmo peso desses dois. Será plano B caso outro seja escolhido – tudo o que a CBF não queria para uma Copa em casa.

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Mano corre na frente porque parece mais interessado no cargo. O presidente da CBF já ouviu três recusas de Luiz Felipe Scolari para voltar à seleção depois que ele foi pentacampeão do mundo em 2002. Na última delas, após o fracasso de 2006, com Parreira, na Alemanha, o dirigente demorou para digerir a resposta. E como não tinha nenhuma outra carta na manga, teve de "inventar" Dunga e Jorginho. Deu no que deu.