Logística
O Mundial das maratonas
As maratonas das seleções da Copa de 2014 pelos céus do Brasil serão longas, desgastantes e, em alguns casos, bem desiguais. A tabela divulgada pela Fifa não regionalizou os grupos. A decisão fará a equipe sorteada na posição 4 do grupo G viajar por 5.598 km entre Natal, Manaus e Recife só durante a primeira fase. Considerando a possibilidade de se manter vivo até o fim do torneio, o rival do Brasil na estreia (A2) é quem mais vai sofrer com as distâncias.
Se essa seleção desbancar o time brasileiro, avançar como primeira do grupo, cair na semifinal e disputar o terceiro lugar do Mundial rodará um total de 11.571 km quase o mesmo que separa a capital paulista de Moscou.
O aspecto político ficou bem evidente na divisão dos jogos da Copa do Mundo de 2014. A tabela, divulgada ontem, projetou a seleção brasileira para jogar mais vezes nas cidades em que o presidente da CBF e do Comitê Organizador Local (COL), Ricardo Teixeira, possui maior relacionamento com políticos da região.
Tanto Minas Gerais do senador e ex-governador Aécio Neves (PSDB) quanto o Ceará do ex-presidenciável e deputado federal Ciro Gomes (PSB) podem receber o time de Mano Menezes duas vezes, mais do que a sede da abertura, São Paulo, e também do que as sedes mais utilizadas ao longo do torneio brasileiro, Rio e Brasília.
Na primeira fase, depois de atuar no Itaquerão, em São Paulo (12 de junho), o Brasil vai jogar em Fortaleza (17 de junho) e Brasília (23 de junho). Se a seleção for a primeira colocada do seu grupo, hipótese mais provável, jogará as oitavas de final em Belo Horizonte, no dia 28 de junho. Nas quartas, voltaria a Fortaleza (4 de julho) e, na semifinal, retornaria a Belo Horizonte (8 de julho). A final está marcada para o Maracanã, no Rio, em 13 de julho única possível apresentação brasileira no palco carioca, fato não explicado por Ricardo Teixeira.
A Fifa resolveu desafiar a precariedade do sistema aéreo brasileiro. Na tabela divulgada ontem, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) não agrupou as seleções em uma só região do país, para diminuir os deslocamentos de cada equipe. Assim, será possível uma mesma equipe viajar longas distâncias e sofrer com a variação climática.
Será o caso, por exemplo, da equipe que será designada para o número 4 do grupo E. Essa seleção vai jogar no dia 20 de junho em Curitiba, onde os termômetros se aproximam de 0 grau nesta época do ano. Cinco dias depois, vai atuar em Manaus, a mais de 2 mil quilômetros de distância e seguramente com mais de 30 graus.
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