A pouco mais de dois anos da Copa do Mundo de 2014, o panorama dos 12 estádios que receberão as partidas continua nebuloso. A auditoria deste mês do Tribunal de Contas da União (TCU) revelou que os locais dos jogos estão com apenas 33% das obras concluídas.
As praças esportivas estão orçadas em R$ 6,7 bilhões segundo o Portal da Transparência , montante que equivale a um quarto do total de recursos destinado ao mundial e já 23% maior do que o previsto em 2010.
Segundo o TCU, a Arena da Baixada é a obra mais preocupante, com o andamento em 8,5%. "O atraso pode resultar numa Copa mais cara porque pode ensejar aditamentos", alertou o ministro do órgão, Valmir Campelo, durante a apresentação do levantamento realizada na Câmara dos Deputados.
E é exatamente assim que pensa o presidente da Fifa, Joseph Blatter, para quem os estádios são o menor dos problemas, pois "é só contratar mais trabalhadores". "Já enfrentamos isso em outras Copas. Na Alemanha, na África, e [esse atraso] não é importante para nós", disse na visita ao Brasil em fevereiro.
O ministro do Esporte, Aldo Rebelo, afinou o discurso do suíço com o tom brasileiro. "Quem acompanha a preparação de um desfile de escola de samba acha que aquilo não vai sair, mas todo ano acontece e é um evento de referência", comparou, minimizando a evidente desorganização.
Prevendo esses gastos emergenciais, o deputado federal Romário chegou a usar a expressão "o maior roubo da história" ao falar há uma semana sobre a perspectiva criada pelos atrasos tanto na construção de estádios como nas obras de infraestrutura cujo andamento é ainda mais preocupante.
Na fase atual dos estádios que estão sendo construídos já foram finalizadas a terraplenagem e a fundação das estruturas, etapas mais demoradas por estarem sujeitas a interrupção pelas chuvas. Apesar disso, será necessário aumentar o ritmo para cumprir os prazos, como explicou o presidente do Sindicato Nacional das Empresas de Arquitetura e Engenharia Consultiva (Sinaenco), José Roberto Bernasconi. A entidade tem acompanhado a evolução dos preparativos para a Copa.
De acordo com ele, a mão de obra geralmente custa 40% do valor do empreendimento. No caso da Arena, isso equivaleria a R$ 73,6 milhões. Caso seja necessário aumentar o número de empregados criando o turno da noite como já é feito em São Paulo, por exemplo , a legislação nacional exige o pagamento de 20% de acréscimo sobre a hora trabalhada entre 22 h e 5 h. Além do que haveria de se pensar em outros gastos como iluminação e segurança.
"Acelerar as obras não é simplesmente contratar mais operários. É uma questão de logística. A boa prática da engenharia é cada peça, equipamento e pessoa estar na hora certa e na função certa", diz Bernasconi.
De qualquer forma, ele acredita que tudo estará pronto a tempo, principalmente porque as responsáveis são empreiteiras com capacidade financeira e administrativa para acelerar o ritmo. Só não se sabe a que custo.
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