Após serem criticadas pelo governo e por usuários por causa dos preços das tarifas aéreas durante o período da Copa, as companhias brasileiras iniciam o contra-ataque, a começar pela Azul. A empresa anunciou que estabeleceu um preço-teto de R$ 999 por trecho para os voos feitos durante a competição. O valor é válido da origem ao destino, independente de quais sejam, em toda a malha de 105 destinos onde a companhia opera, incluindo, portanto, as conexões, entre os dias 12 de junho e 13 de julho.
Em entrevista a jornalistas, os executivos da companhia disseram que não foram as pressões do governo que levaram a Azul a tomar a decisão. "Foi mais uma questão de consciência da companhia, independente de governo", disse o presidente-executivo da Holding Azul S.A., José Mário Caprioli, sócio da Azul e fundador da Trip. Segundo o presidente da Azul, David Neeleman, a medida gerará uma perda para a companhia de R$ 20 milhões, mas terá benefício para a imagem da empresa.
Em dezembro, as empresas enviaram à Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) as demandas de alterações em suas malhas para junho e julho, com novas rotas ou frequências e cancelamentos temporários de voos para o período da competição. A agência deve anunciar uma definição sobre as solicitações até a próxima terça-feira. Conforme a Anac, as empresas pediram 1.523 novos voos durante a Copa.
Questionadas, outras companhias preferiram não comentar suas estratégias para o período da Copa do Mundo. A TAM informou que aguarda a definição da Anac para se pronunciar. Declarou apenas que a empresa poderá mudar até 40% de seus voos no período do torneio. A empresa informou que, se aprovada na íntegra, a malha alternativa da companhia a ser operada entre junho e julho deverá acarretar uma mudança temporária do mapa de operações aéreas regulares da companhia, e que Fortaleza, por exemplo, que hoje tem 28 voos diários, poderia receber durante o mundial até 32 voos por dia. A Gol e Avianca também informaram que esperam a decisão da Anac para se posicionar.
Na avaliação de especialistas do setor, a malha ajustada pode permitir uma acomodação dos preços em relação aos vistos atualmente. "Com a aprovação da Anac para que as empresas possam otimizar suas rotas e redirecionar parte de sua frota para atender a demanda da Copa, a tendência é ter mais oferta para atender aos torcedores e com mais oferta, o preço pode vir a cair", diz o sócio da Pezco Microanalysis, Cleveland Prates Teixeira. Ele lembra que durante o torneio acontece a troca de passageiros corporativos por turistas esportivos. Cerca de dois terços dos passageiros transportados nos voos domésticos viajam a negócios.
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