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Joseph Blatter, presidente da Fifa | Paulo Whitaker/ Reuters
Joseph Blatter, presidente da Fifa| Foto: Paulo Whitaker/ Reuters

O esboço de insurgência à atual gestão da Fifa foi desmontado ontem no congresso técnico da entidade realizado em São Paulo. O resultado foi uma expressiva vitória do presidente Joseph Blatter, que assegurou o aval para disputar a eleição do próximo ano e tentar um quinto mandato à frente da bilionária instituição.

Duas propostas que poderiam barrar as pretensões do dirigente, que ocupa o principal cargo diretivo do futebol mundial desde 1998, além de integrar a entidade desde 1976, foram derrubadas ontem. Em pauta estavam a limitação de idade e do número de mandatos para dirigentes do órgão e ambas acabaram reprovadas pelo grupo das 209 federações nacionais filiadas. O número da votação não foi divulgado, porque o sistema eletrônico não funcionou.

As duas propostas eram uma reivindicação da Uefa, que está em guerra declarada a Blatter. Na terça-feira, ele foi chamado para participar do encontro da entidade e acabou duramente criticado pelos dirigentes europeus. "Jamais havia passado por uma situação dessas na vida", confessou o suíço ontem.

"Penso que, com tudo que aconteceu nos últimos tempos, principalmente a suspeita de corrupção na escolha do Catar [como sede da Copa-2022], é preciso uma mudança de imagem", afirmou a norueguesa Karen Espelund, do comitê executivo. O sueco Lennart Johansson, ex-presidente da Uefa e tradicional opositor do suíço, foi além. "Chegou a hora de o Blatter sair", havia resumido no dia anterior.

Porém, com o resultado de ontem, é possível que o francês Michel Platini, presidente da Uefa e maior nome da oposição ao mandatário até desista de participar da eleição.

A vitória veio após o anúncio, bem ao estilo promessa eleitoral, de que a Fifa distribuirá quase US$ 200 milhões (cerca de R$ 450 milhões) em bônus para as federações e confederações filiadas à entidade, que está cada vez mais rica.

Os balanços financeiros apresentados em São Paulo mostraram um faturamento recorde da instituição. Em 2013, o total de receitas chegou a quase US$ 1,4 bilhão (R$ 3,1 bilhões). O bônus será pago em duas partes. A partir de julho, cada uma das 209 federações nacionais irá receber US$ 250 mil (quase R$ 560 mil) e cada confederação, US$ 2,5 milhões (R$ 5,6 milhões).

"Em 2013, tivemos um superávit de US$ 72 milhões e um fundo de garantia de US$ 1,4 bilhão. Isso nos deixa em uma posição segura para zelar pela Copa", declarou Julio Grondona, vice-presidente da entidade.

Máquina de dinheiro

Nos últimos 20 anos, a Fifa viu sua renda multiplicar 20 vezes. Em 1995, a receita era de US$ 257 milhões. Para o período de 2015 a 2018, a previ­­são de um reforço de caixa de mais de R$ 5 bilhões. "Resultado da exposição comercial do futebol", justificou a entidade.

Na Copa que começa hoje, a Fifa calcula receber US$ 4 bilhões, mais de US$ 800 mi­­lhões acima do que obteve na África do Sul-2010. Deste montante, US$ 1,7 bilhão foi arrecadado com direito de transmissão. Os seis maiores parceiros da Fifa, incluindo Adidas e Coca-Cola, pagaram mais de US$ 700 milhões para a entidade para ter o direito de explorar a marca da Copa.

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