O presidente da Fifa reafirmou nesta sexta-feira a sua intenção de que o futebol faça uso de tecnologia para determinar se uma bola ultrapassou ou não a linha do gol. Joseph Blatter acredita que pode convencer a International Board a aceitar as mudanças já visando a Copa do Mundo de 2014, no Brasil. A associação vai avaliar os resultados dos testes de oito sistemas no sábado, antes de pedir uma nova fase de avaliações para as empresas aprovadas, para depois tomar uma decisão final em julho.
Opositor histórico de tecnologia no futebol, Blatter afirma ter mudado de ideia depois de um lance das oitavas de final da Copa do Mundo de 2010, quando o inglês Frank Lampard marcou um gol diante da Alemanha, mas o mesmo não foi anotado porque o árbitro não viu que a bola quicou dentro do gol depois de bater no travessão. O suíço diz que não resistiria a um novo momento como aquele.
"Eu acho que posso convencer a Internacional Board que nós temos que ir adiante com a tecnologia. Eu não gostaria de estar em outra Copa do Mundo e passar pela mesma situação. Eu morreria", disse Blatter.
O dirigente ainda lembrou do lance polêmico ocorrido no último fim de semana, na Itália, quando o Milan reclamou bastante de um gol não anotado no clássico contra a Juventus, apesar de a bola ter ultrapassado muito a linha. "Nós não gostaríamos de repetir a última Copa do Mundo e a última semana na Itália", comentou.
Um dos maiores opositores à ideia é Michel Platini, presidente da Uefa. O dirigente francês não estará na reunião deste sábado por questões familiares, mas sua opinião sempre tem peso. Ele defende que o problema pode ser resolvido com mais dois árbitros assistentes, na linha de fundo. O procedimento, que já é adotado em alguns campeonatos estaduais pelo Brasil, também será testado na Eurocopa deste ano.
Outro opositor da ideia é o príncipe Ali, da Jordânia, vice-presidente da Fifa. "Os árbitros são parte do jogo e eu me sentiria um pouco deprimido, se todos os dias alguma coisa saísse sobre como eles não são capazes de fazer seus trabalhos", disse ele. "Não há pressa. Eu acho que o futebol pode sobreviver (sem a tecnologia na linha do gol)".
O que deve ser analisado, segundo o jordaniano, é o risco de criar desigualdades, dando uma "natural vantagem para os jogos em um determinado nível contra os outros". Ele destacou que clubes e seleções, como a Jordânia, teriam dificuldades para implementar a tecnologia, enquanto adversários teriam a vantagem de utilizá-la.
Além da discussão sobre o uso de tecnologia, a International Board irá analisar outros assuntos. Ali fará uma apresentação defendendo a liberação do uso do hijab pelas jogadoras islâmicas com o argumento de ser preciso respeitar as tradições culturais. Outra votação será sobre a possibilidade de permitir às equipes a realização de uma quarta substituição durante a prorrogação.
As regras são alteradas com seis dos oito votos dos membros da International Board - a Fifa tem direito a quatro votos. As alterações costumam começar a valer antes da temporada seguinte, mas podem ser aceleradas caso exista concordância da comissão.