Copa-2018
Contra legado de elefantes brancos, Fifa quer cortar sedes na Rússia
Folhapress
Para evitar o surgimento de "elefantes brancos", a Fifa planeja convencer a Rússia a cortar dois estádios da próxima Copa do Mundo. O presidente Joseph Blatter afirmou ontem que gostaria que a competição em 2018 fosse disputada em dez estádios diferentes, e não em 12, como aconteceu no Brasil.
"Teremos encontros em setembro para debater se 12 cidades na Rússia é certo ou se podemos reduzir para 10. Precisamos garantir que investimentos sejam feitos para gerar um legado, não uma dívida", disse.
O projeto russo para a Copa planeja a construção de nove estádios e a reforma de mais três arenas. "No Brasil, tínhamos 17 cidades oferecidas e convencemos a ir para 12 cidades. Estamos debatendo sobre o número ideal para que a organização possa ser racional, e controlando para que não encontremos com estádios sem uso posterior", declarou Blatter.
Dos 12 estádios usados no Mundial de 2014, cinco ficam em estados que não têm times na Primeira Divisão do Campeonato Brasileiro: Castelão (Ceará), Arena das Dunas (Rio Grande do Norte), Arena Pantanal (Mato Grosso), Arena da Amazônia (Amazonas) e Mané Garrincha (Distrito Federal).
Joseph Blatter, presidente da Fifa, deu ontem, durante entrevista coletiva no Rio, a nota 9,25 ao Brasil pela organização da Copa, assim como apontou que a qualidade do jogo em campo foi "excepcional".
Na África do Sul, palco do Mundial de 2010, Blatter deu nota 9 para o evento. Agora, ele destacou: "Passamos a noite debatendo a nota e chegamos à conclusão de que o Brasil tirou nota 9,25". Em seguida, ele usou bom humor ao comentar o número atribuído aos brasileiros. "A perfeição não existe. Quem tira 10 teve algum tipo de acordo com o professor", disse, para depois completar: "Mas o Brasil melhorou a Copa em relação ao que vimos na África".
Blatter também enfatizou que o alto nível técnico das partidas e a boa organização do Mundial fará a Rússia ter uma missão dura na organização da próxima edição, pois terá o bom desempenho do Brasil como referência. "Essa Copa, no campo, foi excepcional. Acho que a próxima Copa terá um padrão alto a ser superado", indicou o dirigente. "Foi minha 10.ª Copa. O que a faz tão especial é o futebol e a qualidade do futebol. Foi uma Copa especial. Começou o torneio com um futebol ofensivo. Antes, eles se observaram. Desta vez, vimos boom, boom", afirmou o suíço, ao lembrar da coragem exibida pelas seleções de buscar o ataque.
Já o ministro do Esporte, Aldo Rebelo, usou a ironia para destacar o que definiu como uma Copa do Mundo "de sucesso". Ao lado de Blatter, ele cutucou a imprensa brasileira e internacional, que em sua avaliação não confiou na capacidade de o Brasil organizar o Mundial. Sobrou um ar irônico até mesmo para a entidade máxima do futebol.
"Queria agradecer ao presidente Blatter por ter confiado ao Brasil a organização da Copa do Mundo", disse, logo no início de sua fala. "Queria também agradecer aos jornalistas, mesmo aqueles que desconfiavam da nossa capacidade. Em Manaus as cobras devem ter se recolhido, os cachorros loucos também", declarou Rebelo, ironizando reportagens de veículos internacionais. Antes da Copa, jornais britânicos afirmaram que a Inglaterra iria jogar "no meio da selva".
As declarações do ministro foram dadas durante a coletiva de imprensa realizada no Maracanã. "Achei que o Brasil estaria, com muito trabalho e muito esforço, preparado para organizar a Copa do Mundo", destacou, para mais tarde cutucar os críticos da Copa e setores da imprensa brasileira. "Queria agradecer a compreensão, a paciência e dizer aos estrangeiros que já nos deixaram e vão nos deixar, que voltem um dia. E aos brasileiros que tiveram dúvidas, em especial aos jornalistas, sem perder o espírito crítico, [que tenham] um pouco mais de confiança."
Surpresa
A escolha do argentino Lionel Messi como melhor jogador da Copa do Mundo no Brasil causou surpresa no presidente da Fifa, Joseph Blatter. Antes de dar sua resposta, com um sorriso discreto, o dirigente perguntou ao jornalista se ele queria ouvir o que ele realmente pensava ou se preferia uma resposta diplomática. O comentário rendeu alguns risos. "Eu fiquei um pouco surpreso quando soube que o Messi havia sido eleito o melhor jogador", admitiu ele, que disse, no entanto, respeitar a escolha do Comitê Técnico da Fifa, órgão responsável por determinar qual jogador é merecedor do título. Essa foi a primeira vez que os jornalistas envolvidos na cobertura do Mundial não participaram da escolha do craque da Copa do Mundo, que é feita desde a edição de 1978.
Reflexão
Para o ministro do Esporte, Aldo Rebelo, o Brasil precisa repensar o futebol a fim de conseguir melhores resultados na Copa do Mundo da Rússia. Rebelo também lamentou a limitação que o governo tem para intervir no futebol, que, por questões jurídicas, é tratado como atividade privada. "Nós não estávamos habituados com uma derrota tão elástica. Mas o futebol não é o reino da justiça, futebol é o reino da emoção. E acho que o Brasil precisa repensar o que fazer para se recuperar e se preparar para a Copa de 2018 na Rússia", disse. O ministro também apontou as dificuldades que os países têm para intervir no futebol profissional, que é regido por associações privadas, com regras próprias, como a CBF. "Há uma vedação constitucional porque o esporte é tratado como coisa privada."
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