O choro de David Villa ao ser substituído ontem na Arena da Baixada resume os últimos momentos de boa parte da vencedora geração espanhola dona de uma Copa do Mundo e duas Eurocopas. Ao ceder lugar para Juan Mata aos 11 minutos do segundo tempo, quando La Roja já vencia a Austrália por 1 a 0, gol dele, de letra, não segurou a emoção. Assim como alguns companheiros ilustres Xavi, Xabi Alonso e Casillas puxam a fila , o maior artilheiro não deve mais voltar para a seleção.
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"Jogar pela Espanha sempre foi uma alegria enorme. Depois de duas derrotas, tínhamos de nos despedir dando a cara, fazendo uma boa partida, ganhando. Estou contente pelo gol, mas também vamos tristes porque esperávamos ficar bastante tempo", disse Villa, recomposto ao segurar o prêmio oferecido pela Fifa de melhor em campo na vitória por 3 a 0, que de nada serviu na briga pela classificação os dois países entraram em campo eliminados. Ele não havia jogado nenhum minuto sequer até agora no Brasil.
O autor de 59 gols pela seleção, nove em Copas do Mundo, mais do que qualquer outro, evitou cravar a aposentadoria da equipe nacional, mas foi realista: "Por mim ficaria toda a vida, mas o normal é que acabe aqui. Ficarei sem jogar alguns meses...", lembrou o atacante de 32 anos, que trocou o Atlético de Madrid pelo New York City, novo time da Major League Soccer (EUA), que só estreará em março.
Seu gol, no primeiro tempo, após passe milimétrico de Iniesta para Juanfran nas costas da defesa; o de Torres, aproveitando novo lançamento do meia; e o de Mata, recebendo cruzamento na medida de Fàbregas, evitaram que a Espanha amargasse a pior campanha de um país que defendia o título. O posto nada honroso segue com a França de 2002.
Também prestes a deixar La Roja, Xabi Alonso foi um dos quatro titulares em campo além de Sergio Ramos, Alba e Iniesta. Outros jogadores emblemáticos, o meia Xavi e o goleiro Casillas não tiveram chance de se despedir agora. O primeiro, de 34 anos, estava com dores musculares após a puxada temporada europeia pelo Barcelona. O capitão, de 33, cedeu lugar a Pepe Reina, seu reserva há anos, que ainda não havia jogado uma partida de Copa.
"Foi uma geração que fez escola", cravou o técnico Vicente del Bosque, campeão mundial em 2010 e europeu em 2012 após assumir o trabalho de Luis Aragonés. "Acho que o futuro está a salvo, seja quem for o técnico. Temos uma boa base de jogadores que ainda não são veteranos e outros jovens com potencial por chegar", emendou, ele mesmo com futuro indefinido, antes de embarcar com seu time no ônibus e seguir direto para o aeroporto. Terminava assim a bem mais curta do que o imaginado presença de La Roja em Curitiba, local de treinos na Copa e do fim da linha para jogadores históricos na seleção.