Por cinco anos, a seleção espanhola foi uma extensão do Barcelona. O estilo de posse de bola e troca incansável de passes até o adversário baixar a guarda foi uma marca do Barça de Pep Guardiola. E da Roja de Vicente Del Bosque.
O Barcelona caiu na semifinal da Liga dos Campeões 2009/10 deixando a maior média de posse de bola do torneio, 65%. A Espanha deixou a África do Sul campeã mundial e como a equipe que mais conduziu as partidas: 59% de posse. Em 2012, o Barcelona bateu o recorde de posse de bola da Liga contra o Celtic, com 89%. Meses antes, a Espanha, com oito jogadores do Barça, venceu a Euro com 66% de posse de bola.
Uma identidade ameaçada pela chegada do técnico argentino Gerardo Martino. O Barcelona de Tata abre mão da posse e do passe. O jogo contra o Rayo Vallecano, dia 21 de setembro, foi o primeiro em cinco anos que o time teve menos bola no pé que o adversário. Encarregado de distribuir lançamentos, o meia Andrés Iniesta foi apelidado de quarterback pela imprensa espanhola. Xavi, o dínamo da troca de passes, virou mero coadjuvante.
"Quando o treinador aqui não é da casa ou holandês, há cobrança", diz Martino, questionado em todas as entrevistas sobre a mudança de estilo. Por ora, ele tem apoio total dos espanhóis do elenco. "O Barça não é resultadista", garante o meia Fàbregras. "Nossa filosofia é intocável e inegociável", diz Xavi. "Nos convertemos em uma equipe previsível, as defesas não sofriam. Hoje buscamos o ataque mais rapidamente", compara o zagueiro Piqué.
Para convencer toda a Espanha do benefício da mudança, será necessário a Roja se adaptar a ela sem comprometer a defesa do título mundial.
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