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Maracanã, Castelão e Mineirão: procura por times para completar a agenda e viabilizar o negócio | Portal da Copa/ ME
Maracanã, Castelão e Mineirão: procura por times para completar a agenda e viabilizar o negócio| Foto: Portal da Copa/ ME

Rejeição

‘Compra’ do clássico carioca revolta torcida pernambucana

Solução em Brasília, atrair times de fora para ocupar as novas arenas é dor de cabeça no Recife. O acordo para a realização de Botafogo x Fluminense, hoje, às 18h30, na Arena Pernambuco, desencadeou uma rejeição capaz de unir as três torcidas recifenses. Torcedores do Náutico ficaram indignados especialmente porque seu jogo contra a Ponte Preta foi antecipado para ontem. Fãs do Sport e do Santa Cruz uniram-se ao rival contra o que consideram uma afronta ao futebol pernambucano. Na internet começou uma mobilização para que o Santa ponha hoje, às 19 horas, no Arruda, contra o Cuiabá, pela Série C, mais torcida do que o clássico carioca na Arena.

"Deslocaram o jogo do Náutico para dar vaga a esse Botafogo x Fluminense só com intenção financeira e de fazer os nossos torcedores torcerem por times de fora. Os pernambucanos sempre foram resistentes a times de outros estados e agora a revolta foi grande e rápida. Vamos desmoralizar esse clássico carioca pondo mais gente no Arruda", afirmou o estudante de Administração Lucas de Souza, líder do Movimento Popular Coral.

A rejeição em massa surpreendeu a administração da Arena Pernambuco. Em entrevista coletiva, o presidente Sinval Andrade disse que erros de comunicação teriam sido a causa da reação. "Surpreende a rejeição em trazer um espetáculo de fora. É injustificável. A gente não contava com isso e vamos trabalhar no sentido de reverter", afirmou Andrade.

Mesmo com a repercussão negativa, a Arena Pernambuco trabalha para levar outros jogos de clubes de fora. Dos grandes do Recife, apenas o Náutico fechou contrato com o estádio. O Sport pretende jogar lá enquanto estiver reformando a Ilha do Retiro.

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Testadas com capacidade máxima na Copa das Con­­fe­­derações, as novas arenas brasileiras entram, a partir deste fim de semana, na rotina do futebol de clubes. Uma realidade com gastos de mais e inquilinos de menos. Estádios que passaram toda a sua história como casa de todos os times se deparam com um cenário em que passarão a abrigar apenas uma torcida. Um fator preponderante para moldar um mercado ainda em formação.

O caso mais dramático é o do Maracanã, endereço dos times cariocas por seis décadas. Uma semana depois da final entre Brasil e Espanha, o novo Maraca é uma casa sem dono. O único jogo previsto é Fluminense x Vasco, dia 21 de julho.

Os quatro grandes cariocas estão em negociação com o consórcio que ganhou o direito de administrar o estádio. O acordo de concessão obriga a gestora a assinar com dois clubes, mas até agora ninguém formalizou parceria. Pesam contra as condições apresentadas aos clubes. Tricolores e vascaínos receberão 65% da receita de bilheteria do jogo do dia 21. Todo o resto ficará com a gestora, incluindo a renda dos bares. O prazo do vínculo também afugenta os inquilinos.

"Em nenhum momento o Flamengo pensou em não usar o Maracanã. O que o Flamengo não aceita é usar o Maracanã durante 35 anos e não ser recompensado adequadamente", afirma Rodrigo Tostes, vice-presidente de finanças rubro-negro.

O Botafogo conseguiu equa­­cionar parcialmente o problema. Com prioridade para usar o estádio entre 2013 e 2014, período em que o Engenhão permanecerá fechado, o clube deve assinar o acordo nos próximos dias. Fará no Maracanã 70% das suas partidas, enquanto as de menor apelo serão levadas para outros locais, até mesmo fora do Rio.

"Os clubes negociam tendo em mente os custos dos estádios antigos, enquanto os consórcios olham para uma operação europeia que ainda não chegou. É preciso buscar um ponto de equilíbrio e os gestores ainda estão mais distantes dele", afirma o diretor-executivo do Botafogo, Sérgio Landau. "Impor o padrão Fifa [em ingresso e custos de operação] inviabiliza o futebol no Brasil. Os pequenos estádios vão ser remodelados e acabarão ocupando um espaço deixado pelas grandes arenas", prossegue.

O futuro previsto por Landau já é realidade em Fortaleza. Estádio de Ceará, Fortaleza e Ferroviário por quatro décadas, o Castelão será a casa do Vozão e do Ferrim. Não houve acordo com o Tricolor, que estuda arrendar o Presidente Vargas, de propriedade do município.

"A proposta no início era encantadora, mas experimentamos o estádio com alguns jogos e vimos que é muito caro jogar no Castelão. Precisa de no mínimo 10 mil torcedores para pagar a operação", calcula Fábio Mota, diretor de marketing do Fortaleza.

Belo Horizonte vive situação idêntica. O novo Mineirão foi abraçado apenas pelo Cruzeiro, enquanto o Atlético-MG passou a dividir o também remodelado Independência com o América. O Galo recusou o acordo com a Minas Arena por considerar as condições oferecidas pouco vantajosas, mas admite um acerto para 2014. A Raposa fechou por 25 anos, mas passou a falar em revisão e até rescisão após ver que havia ficado com menos da metade do R$ 1,7 milhão arrecadado na final do Estadual.

Para fechar a operação do estádio, a Minas Arena conta com um calendário anual de 60 jogos de futebol e 20 shows. O Cruzeiro sozinho entregará somente metade das partidas esperadas.

Sem conseguir atrair os inquilinos antigos, os consórcios terão de flexibilizar suas condições. Um processo que deve se desenrolar às custas de muitas revisões de contrato e ter boas consequências para o torcedor.

"O risco de os consórcios perderem dinheiro é bem grande, pois é um mercado que não tem histórico no Brasil e exige investimento alto e contínuo. Agora, esses caras tendem a seguir a lógica do mercado. Verão que para sobreviver terão de reduzir as margens de lucro e baratear os ingressos", projeta o economista Fernando Ferreira, da Pluri Consultoria. "O mercado vai passar por ajustes na relação entre clubes e arenas. Um vai depender do outro", complementa.

Sem o Maraca, Fla puxa grupo pró-Brasília

O impasse envolvendo a arena com mais inquilinos em potencial está ajudando a preencher a agenda de um dos elefantes-brancos da Copa de 2014. Enquanto não chegam a um acordo com o consórcio que administra o Maracanã, clubes do Rio começam a fazer do Nacional Mané Garrincha, em Brasília, sua nova casa.

O Flamengo é quem puxa o movimento. Presente na inauguração como "visitante" contra o Santos, mesmo tendo a maioria nas arquibancadas, o Rubro-Negro voltou a Brasília ontem, como mandante, para enfrentar o Coritiba. Nas mesmas condições enfrentará o Vasco, pelo Brasileiro, e o ASA, pela Copa do Brasil.

"Financeiramente é mais vantajoso, mas não dá para fazer isso sempre", diz o vice-presidente de finanças do Flamengo, Rodrigo Tostes, que tem no horizonte outras das novas arenas enquanto não há um acordo com o Maracanã.

O Flamengo voltará pelo menos mais uma vez a Brasília como visitante, para enfrentar o Vasco. O Botafogo também negocia. "Estamos estudando levar jogos que no Rio teriam ocupação menor, pois temos muita torcida em Brasília", afirma o diretor-executivo alvinegro, Sérgio Landau.

A partir de janeiro, a demanda por clubes do Rio deve aumentar. Manaus e Cuiabá, cidades com muitos torcedores cariocas e de futebol incipiente, já acenam com ofertas.

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