| Foto: Albari Rosa

Eto’o faz despedida no banco

Aos 33 anos, o atacante Eto’o deve fazer sua despedida de Mundiais no banco de reservas. Com uma lesão no joelho, a escalação do jogador do Chelsea desde o começo da partida contra o Brasil foi descartada pelo técnico da seleção, Volker Finke.

"Talvez ele possa jogar por alguns minutos. Começar como titular, não acredito. Não acredito que haja um milagre durante a noite", disse Finke.

A lesão já havia tirado Eto’o da derrota por 4 a 0 contra a Croácia. Na derrota para o México, na estreia, ele jogou os 90 minutos.

Eto’o acompanhou o grupo no treinamento de ontem, no Mané Garrincha, mas não entrou em campo. Ele estava escalado para participar da coletiva, mas foi substituído em cima da hora pelo meia Edgar Sally, do Lens, da França.

Após quatro Copas (1998, 2002, 2010 e 2014), dificilmente disputará a quinta, pela idade. "Ele incentiva e ajuda a mobilizar um pouco mais o espírito da equipe", destacou o treinador.

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Desclassificado, sem o principal astro e sob suspeita de venda de resultado, Camarões joga hoje contra o Brasil para resgatar a autoestima. Com quase tudo contra, o técnico da equipe africana, Volker Finke, achou pelo menos um trunfo para se despedir honrosamente do Mundial: a necessidade brasileira de um resultado positivo.

"Haverá uma pressão maior. Eles [Brasil] têm de tentar controlar a partida sem se arriscar muito", afirmou o treinador alemão. "Infelizmente, nós não temos pressão, o importante é só fazermos uma boa partida."

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Em entrevista coletiva após treino de reconhecimento no estádio Mané Garrincha, em Brasília, Finke não escondeu o descontentamento com o desempenho do time até agora. "É fato que talvez eu tenha ficado decepcionado por ter dois, três, quatro jogadores que não atuaram dentro do nível desejado."

As derrotas para México (1 a 0) e Croácia (4 a 0), somadas à crise de relacionamento dentro do grupo, colocaram o time africano na mira da Fifa. O chefe de segurança da entidade, Ralf Mutschke, declarou na semana passada que o jogo era vulnerável a grupos criminosos que manipulam resultados para lucrar com apostas.

Ontem, Finke se mostrou incomodado com questionamentos sobre o possível envolvimento de camaroneses nesse tipo de esquema. "Isso é um rumor, é a primeira vez que estou ouvindo isso. Conheço um pouco minha equipe e sei que não precisamos ter esse tipo de suspeita."

Do outro lado, Luiz Felipe Scolari minimizou as suspeitas. "Camarões tem brio, honra, vergonha. Querem voltar para sua pátria mostrando que brigaram e lutaram. Também tem outros jogos que não interessam mais. Espanha e Inglaterra vão jogar não sei com quem e não estão classificadas."

A polêmica sobre manipulação de resultados, no entanto, começou antes das derrotas de Camarões. No dia 13, logo após a abertura da Copa, a rede de televisão norte-americana CNN levou ao ar uma reportagem em que o secretário-geral da Interpol, Ronald Noble, disse que haveria uma operação especial no Brasil contra manipulação de resultados. Logo depois, a informação foi desmentida.

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O chefe do escritório da Interpol no Brasil, Luiz Eduardo Navajas, disse que o caso de Camarões nem chegou a ser investigado. O delegado é um dos membros do Centro de Cooperação Policial Internacional, estrutura de segurança com 280 representantes dos 32 países que participam do torneio, instalada em Brasília. "A gente só tomou conhecimento pela imprensa", citou.

Por dia, o centro tem averiguado a identidade de 20 a 25 suspeitos de envolvimento com o crime organizado, além de problemas entre torcedores nos estádios. "Até agora, não tivemos nenhum caso de manipulação de resultados. O mais comum entre torcedores é de venda de ingressos falsos", ressaltou Navajas.

PERSONAGEM

Imprescindível, Neymar vai para o jogo pendurado

A seleção brasileira depende dos pés de Neymar para avançar às oitavas de final. E da cabeça do atacante para não entrar no mata-mata da Copa desfalcada do seu craque. Uma situação desconhecida na segunda passagem de Luiz Felipe Scolari pelo time nacional.

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Neymar entra em campo hoje, contra Camarões, pendurado. Resultado do cartão amarelo na estreia, por reclamação. No planejamento ideal da comissão técnica, o Brasil teria vencido o México, antecipando a classificação e o camisa 10 teria forçado o segundo cartão no fim da partida em Fortaleza. Na pior das hipóteses, seria poupado diante dos africanos – as advertências são zeradas ao fim das quartas de final.

No entanto, o 0 a 0 forçou Felipão a buscar um plano B. Neymar joga porque o Brasil precisa dele para chegar ao gol adversário. O atacante é o brasileiro que finaliza mais e melhor nesse Mundial. Foram oito tentativas – seis no alvo e duas na rede. Hoje ele está orientado a evitar o segundo cartão.

"A preocupação é em não tomar cartão bobo, aquela falta desnecessária. Jogada para dividir uma bola não tem como evitar. A gente não pode impedir o Neymar de tentar uma jogada, um drible. Evidentemente ele pode sofrer uma falta e reagir. O que não podia acontecer era a gente poupar alguns jogadores, porque é jogo decisivo", disse o coordenador técnico Carlos Alberto Parreira.

O astro do Barcelona parece menos sujeito a um segundo cartão por reagir às faltas que possa sofrer do que por aquelas que possa cometer. Camarões é apenas o 21º time em número de infrações na Copa. São 11,5 por jogo.

O atacante, por outro lado, foi um dos símbolos da pressão sobre o adversário. Marca da Copa das Confederações que Felipão quer resgatar. Neymar foi o jogador mais faltoso de todo o torneio. Cometeu 3,6 faltas por partidas e tomou dois amarelos: um na fase de grupos e outro no mata-mata. Na Copa, fez uma falta em cada jogo. Hoje, terá de resgatar a pegada anterior sem que isso acarrete uma suspensão.

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"Se estivéssemos classificados, poderíamos modificar o time ou a forma de atuar. Mas não tem o que modificar. É jogar com o que tem de melhor. Fazer o possível e o impossível para jogar", afirmou Felipão.

Isso vale também para Luiz Gustavo e Thiago Silva, os outros titulares pendurados. Embora tenha testado possíveis substitutos (Willian, Fernandinho e Dante), o treinador mandará todos a campo, mesmo tendo peso diferente para a equipe. Além de jogador mais importante da seleção, Neymar é o mais assíduo do grupo. O atacante esteve presente em todos as 24 partidas da nova Era Scolari. Não poderá haver momento pior para o Brasil ter de descobrir como se virar sem seu craque do que no primeiro mata-mata da Copa do Mundo.